20/01/11 - Mercadante diz que sistema de prevenção funcionará no próximo verão
20/01/11 - Mercadante diz que sistema de prevenção funcionará no próximo verão
O ministro da Ciência e Tecnologia Aloizio Mercadante diz que parcerias com estados e municípios podem agilizar o processo de implantação do Sistema Nacional de Prevenção e Alerta de Desastres Naturais. Em alguns estados o sistema poderá funcionar a partir do ano que vem. Nós esperamos para próximo verão já ter bons resultados, mas achamos que vamos concluir em quatro anos , afirmou. Pelo novo modelo, segundo o ministro, o alarme será feito entre duas e seis horas antes do desastre acontecer. O ministro também explicou como funcionará o programa de repatriação de cientistas que hoje atuam no exterior. Falou ainda sobre a ampliação dos investimentos em pesquisa e inovação.
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Publicado em 12/12/2016 18:20
APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Olá, amigos em todo o Brasil. Eu sou Kátia Sartório, e começa agora mais uma edição do programa Bom Dia, Ministro. O programa tem a coordenação e a produção da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, em parceria com a EBC Serviços. Hoje, aqui nos estúdios da EBC Serviços, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante. Bom dia, Ministro. MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Bom dia, Kátia. Bom dia a todos os ouvintes. É um prazer muito grande participar do programa com vocês. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Seja bem-vindo. Na pauta do programa de hoje, a criação do sistema nacional de prevenção e alerta de desastres naturais. O ministro Aloizio Mercadante vai explicar, também, os incentivos que o governo quer criar para repatriar, ou seja, trazer de volta ao Brasil, cientistas, e ainda a ampliação dos investimentos em pesquisa e inovação, incluindo a criação do primeiro laboratório marítimo para pesquisas em alto-mar. O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, já está aqui no estúdio, pronto para começar a conversar com âncoras de emissoras de rádio de todo país, nesse programa que é multimídia: estamos, ao vivo, no rádio e na televisão. Ministro Aloizio Mercadante, já está na linha a Rádio Tupi, do Rio de Janeiro, onde está Ana Rodrigues. Bom dia, Ana. REPÓRTER ANA RODRIGUES (Rádio Tupi / Rio de Janeiro - RJ): Bom dia, Kátia. Bom dia ouvintes de todo o país. Bom dia, ministro Aloizio Mercadante. Ministro, a preocupação maior, aqui no Rio de Janeiro, obviamente, é a questão da região serrana e das constantes enchentes que assolam o estado, principalmente aqui a capital, nesse período de verão. O senhor anunciou, essa semana, a criação desse sistema de alerta nacional, muito importante e necessário para o nosso país, e o senhor teria antecipado um prazo de quatro anos para que ele estivesse totalmente implantado, mas que algumas medidas, nesse processo de implantação, já poderiam ser... Começar a ser colocadas em prática. Nós gostaríamos de saber, efetivamente, o que teremos ainda para este verão e para o próximo. MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Olha, eu agradeço a pergunta, Ana, e queria, primeiro, me solidarizar com a população do Rio de Janeiro. Eu acho que o Brasil inteiro está consternado com esta tragédia que está atingido, aproximadamente, mil pessoas, porque se nós considerarmos os corpos que já foram retirados e a previsão dos desaparecidos, nós poderemos chegar a mil mortes, que é uma das maiores tragédias da história do Brasil e, seguramente, em termos de desastre natural, é a nossa maior tragédia. O que é um sistema de alarme? O controle da natureza, principalmente dessa mudança que a natureza está sofrendo, que do meu ponto de vista, decorre do aquecimento global, onde os extremos climáticos estão se acentuando, tanto as secas vão se acentuar quanto as enchentes, está exigindo, em todo o mundo, novas atitudes. O Brasil não tem uma cultura de prevenção contra desastres naturais, mesmo porque, ao longo da nossa história, nós nunca tivemos grandes problemas. É verdade que nós já tivemos, por exemplo, em 1967, uma tromba d’água em Caraguatatuba, que matou quase 500 pessoas. Mas... E, ultimamente, isso vem se repetindo e vem se ampliando, é visível. O que é o sistema que nós pretendemos construir? Primeiro, nós precisamos aprimorar a nossa previsão climática. A previsão, ela começa com os satélites que nós temos na órbita terrestre. O INPE, que é o instituto do nosso ministério, ele faz um cálculo matemático extremamente sofisticado para fazer uma previsão 72 horas antes, 48 horas antes e 24 horas antes. Quanto mais próxima a previsão, mais acerto ele tem na previsão. Nós vamos melhorar essa previsão, porque o Brasil comprou um supercomputador, foi inaugurado há um mês, o Tupã, que é o segundo maior computador de clima do mundo. Então, esse computador é fundamental para nós aprimorarmos esse sistema. Segundo lugar, nós precisamos de radares, porque o radar registra, em tempo real, a chuva que está acontecendo. Nós temos os radares da Aeronáutica, que hoje só cuidam do espaço aéreo, do tráfico de aviões. Nós estamos acordando com a Aeronáutica de também colocar esse serviço... Continuar fazendo isso, que é fundamental ao país, mas também colocar sua rede de radares para a previsão do clima, para melhorar a cobertura nacional. Além disso, nós vamos ter que comprar, aproximadamente, 15 radares para ter uma cobertura de todas as áreas de risco que nós avaliamos no país. Em terceiro lugar, nós vamos ter que colocar um equipamento, que se chama pluviômetro, que é uma espécie de coletor de chuva, e tem que ter alguém monitorando, acompanhando, nas áreas de risco, para saber, efetivamente, quanto choveu naquela região. Então, com todo esse trabalho, nós vamos melhorar muito a previsão de chuva e, seguramente, entre seis horas a duas horas do evento, nós vamos ter uma previsão bem próxima do que está acontecendo. Depois, tem um segundo desafio, que a geologia tem que levantar quais são as áreas de risco. Por exemplo, o IPT de São Paulo classifica em R1, R2, R3, R4. São quatro níveis de risco em cada encosta ou inundação. Nós estimamos, mais ou menos, o Ministério da Integração, 500 áreas de risco no país, que, às vezes, é mais do que uma encosta de morro, mais ou menos 5 milhões de pessoas expostas a esta situação, além de 300 áreas sujeitas a inundações. Cinquenta e oito por cento dos desastres no Brasil são inundações, 11% são encostas que desmoronam, mas é aí que morre mais gente. Bom, feito esse levantamento geológico, que poucas cidades têm hoje - só tem em São Paulo, tem um bom levantamento, o Rio de Janeiro tem um bom levantamento, a cidade do Rio, Santa Catarina tem um excelente levantamento geológico -, em cima desse levantamento geológico e da previsão de clima, esse supercomputador vai colocar essas duas informações, para a gente saber exatamente quanto choveu naquela área de risco e, a partir daí, poder deflagrar um alarme. Aí vem o terceiro problema. Nós precisamos criar sirenes, provavelmente serão sirenes de alarme, na maioria das regiões, e nós temos que treinar a população à prevenção, porque nós não temos uma cultura de prevenção no Brasil. Outros países têm, porque têm terremoto, furacão ou convivem com problemas climáticos há muito tempo. Nós vamos ter que treinar a população nessas áreas de risco e vamos ter que, através da Defesa Civil, os agentes da Defesa Civil subirem nessas encostas, informarem a população, explicarem o que têm que fazer e nós nos prepararmos para os próximos verões. Por isso que nós dissemos que em 5.500 cidades, não tendo levantamento geológico, não tendo ainda um sistema de radares completamente implantado e adequado, não tendo os pluviômetros indicados, não tendo, em muitas vezes, sequer Defesa Civil instalada, nós precisaremos de certo tempo. Eu acho que até quatro anos, seguramente, a gente conclui esse sistema, mas nós podemos antecipar, se houver uma mobilização dos prefeitos, dos governadores. Eu vou dar dois exemplos. A cidade do Rio de Janeiro já tem o radar, já fez o mapeamento geológico e já vai começar a montar o sistema de alarme. Amanhã mesmo eu estou me encontrando com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, visitando as instalações do Geo-Rio e verificando o processo que eles estão construindo, porque nós queremos criar um sistema nacional integrado, com o mesmo padrão de qualidade. Ontem, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, veio a nosso gabinete querendo, imediatamente, começar a implantar o programa. O estado do Espírito Santo já vai comprar o radar que eles precisam - isso ajuda a gente a agilizar o processo - e nós já vamos, com a nossa equipe técnica, começar as discussões para começar a pensar o mapeamento que precisa ser feito, ainda, geológico, como eu expliquei, do Espírito Santo. Então, se os governadores, prefeitos, organizarem as suas defesas civis, tomarem providências para ajudar nesse esforço nacional que está sendo feito por orientação, por determinação da presidente Dilma, nós teremos um excelente sistema, que não vai acabar com os acidentes, mas pode diminuir muito as mortes. Eu vou dar um exemplo para concluir. A Venezuela, em 1993, teve uma chuva muito forte, semelhante inundação e chuva como nós estamos vivendo. Morreram 20 mil pessoas. Em 2005... Aí eles começaram a construir um sistema de monitoramento e prevenção. Em 2005, morreram 400 pessoas. Em 2010, com chuvas tão intensas, inclusive mais intensas do que aconteceram no Brasil, em áreas de risco, morreram 200 pessoas. Então, é possível implantar o sistema. Não é fácil implantar um sistema para chuva. Por exemplo, furacão, você tem dias para se preparar. Chuva, não. Nós vamos ter de seis a duas horas antes, nós temos que deflagrar o processo e mobilizar a população. E, por último, tem que ter um plano para onde você leva a população na hora que ela desce o morro. Por exemplo, no caso de Petrópolis e Teresópolis, se fosse simplesmente descer o morro, as pessoas teriam morrido lá em baixo, porque aquilo foi uma enxurrada, um tsunami que varreu algumas regiões. Então, você tem que ter um lugar previamente preparado, as pessoas orientadas, para evitar que a gente assista tragédias dessa dimensão. Então nós esperamos, para o próximo verão, já ter bons resultados, mas nós achamos que vamos concluir isso em quatro anos, porque além da chuva e o desmoronamento, nós temos problemas de queimadas, temos problemas de vendavais e temos problemas de ressacas marítimas. Portanto, tem mais de um tipo de ocorrência, e o sistema tem que prever todas essas ocorrências ao longo do tempo. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ana, você tem outra pergunta? REPÓRTER ANA RODRIGUES (Rádio Tupi / Rio de Janeiro - RJ): É justamente com relação ao modelo que já é implantado no Brasil, nesse caso, por uma situação que é imprevisível, os acidentes nucleares em Angra dos Reis. Você não tem como prever um acidente nuclear. O acidente acontece sem que você possa prever. Em Angra dos Reis tem um modelo de alerta nos morros, com alto-falantes e sirenes que são testados mês a mês. Todo dia 10, às dez da manhã, as sirenes são tocadas e são feitos, também, exercícios com a população para esse tipo de risco, no caso de Angra dos Reis, que tem a peculiaridade de ter lá uma usina nuclear. Esse modelo de Angra, alguma parte desse modelo vai ser aproveitada? MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Eu acho excelente a sua colocação, Ana, porque esse modelo de prevenção foi construído com os técnicos do nosso ministério. Hoje, inclusive, é associado também ao Ministério de Segurança Institucional, que tem a responsabilidade do controle da segurança de Angra. Então, é um modelo já antigo, a população foi preparada, sabe como é que se deve proceder. É esse tipo de atitude que nós precisamos criar no Brasil. O problema é que nós não temos essa cultura no resto do Brasil, nós nunca vivemos... A gente criou... Porque o Brasil não tinha nenhum problema de desastre, não tinha furacão, não tinha vulcão, não tinha terremoto, mas nós temos inundações, nós temos, hoje, desmoronamentos, com um agravante. Por exemplo, há um modelo matemático já pronto, no mundo, para desmoronamento de neve, que são as avalanches, mas não há um modelo matemático para desmoronamento de solo. Então, nós ainda temos um trabalho sofisticado para poder melhorar, cada vez mais, o nosso sistema de prevenção. Mas o sistema que nós vamos construir é exatamente próximo a esse: sirene e orientação da população. E saber exatamente qual é a área de fuga, para que a gente possa reverter este quadro dramático que nós tivemos. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Este é o programa Bom Dia, Ministro. Eu sou Kátia Sartório, e o nosso convidado de hoje, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante. Ele conversa com âncoras de emissoras de rádio de todo o país. Lembrando as emissoras que o sinal dessa entrevista está no satélite, no mesmo canal da Voz do Brasil. Ministro, vamos agora a Porto Alegre, Rio Grande do Sul, conversar com a Rádio Guaíba, onde está Marjulie Martine. Bom dia, Marjulie. Marjulie? REPÓRTER MARJULIE MARTINE (Rádio Guaíba / Porto Alegre - RS): Vocês conseguem me ouvir? APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Sim. Agora, sim. REPÓRTER MARJULIE MARTINE (Rádio Guaíba / Porto Alegre - RS): Está certo. Primeiramente, bom dia. Eu gostaria de, primeiro, solicitar ao Ministro com relação à estrutura das defesas civis estaduais. Santa Catarina passou por diversos desastres em repetidos anos e a estrutura técnica e de sistema de informática e tudo o mais é extremamente eficiente. A gente sabe que, claro, houve uma catástrofe bastante grande no estado, mas, nos anos seguintes, o estado de Santa Catarina conseguiu, de uma maneira bastante eficaz, evitar que houvesse mortes em virtude das chuvas, em especial. Aqui no Rio Grande do Sul, a gente tem uma situação que é um pouco diferente. A gente tem uma estrutura que é mais precária, as defesas civis municipais não conseguem se organizar de uma maneira bastante eficaz. Por exemplo, a gente sabe que tem muitos municípios... Municípios, inclusive, como o de São Sebastião do Caí, que sofre com as enchentes e que tem apenas uma pessoa que é a Defesa Civil. E isso é em quase todas as cidades aqui do Rio Grande do Sul. Qual deve ser a orientação do Ministério para essas defesas civis, para os governos estaduais? Em especial, claro, puxando a brasa para o meu churrasco aqui do Rio Grande do Sul. Como o governo pretende fazer para que a Defesa Civil do Rio Grande do Sul consiga também ser melhor equipada e consiga também entrar nesse plano para se evitar que haja os problemas que sempre acontecessem quando ocorrem as temporadas de chuva aqui no estado? MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Marjulie, eu acho excelente o seu comentário, porque a situação do Brasil, como eu disse inicialmente, é muito heterogênea. Santa Catarina, como já viveu, algumas vezes, tragédias de grandes proporções, foi um estado que se organizou para a prevenção. Então, ali no Vale do Itajaí, o sistema de prevenção funcionou na última enchente. As pessoas que morreram, não morreram afogadas por causa da inundação, morreram por desmoronamento. Então, nós temos ainda que aprimorar um pouco mais, mas é um estado que tem um mapeamento geológico, que tem um sistema de prevenção, que, evidentemente, precisa estar sempre sendo aprimorado, mas é um bom exemplo de um estado que tomou atitudes. É importante que os prefeitos que estão nos ouvindo agora, as autoridades, as lideranças municipais, pensem um pouco que nós... Nenhuma região do Brasil... Especialmente o Sul está sujeito a inundação, a desmoronamento, a vendaval, e, portanto, tem um conjunto de preocupações que vai exigir uma Defesa Civil. Porque defesa é que nem seguro de vida ou seguro para o carro. A pessoa não faz: “Ah, não vou gastar”, mas aí o prejuízo é muito maior por não ter feito. Tem que ter, tem que prevenir o Brasil. Então, cada município vai ter que organizar, com um padrão de qualidade, a sua Defesa Civil. Os estados vão ter que coordenar e acompanhar a gestão dos seus sistemas de Defesa Civil. E o governo federal vai montar esse sistema, que vai se sustentar na Defesa Civil. Então, o Rio Grande do Sul tem uma tradição cultural bastante elevada, é um estado muito organizado, que tem tradições políticas importantes, e não só para comer um bom churrasco, mas poder tomar um bom chimarrão, acho que é muito importante que a gente organize, para que a gente possa acelerar a implantação desse sistema também no Rio Grande do Sul. Nós tivemos enchentes no Rio Grande do Sul, nós tivemos vítimas no Rio Grande do Sul, com inundações recentes. Portanto, o estado não está imune a esta situação. E também não está imune a secas, porque, como eu disse, os extremos estão se acentuando. As secas, agora mesmo, estão se prolongando. A seca atinge de outra forma, mas exige o trabalho de proteção da população e de mobilização da Defesa Civil. Então, nós vamos ter que criar essa cultura no Brasil todo, inclusive no Rio Grande do Sul. REPÓRTER MARJULIE MARTINE (Rádio Guaíba / Porto Alegre - RS): A segunda pergunta é justamente sobre a seca. A gente sabe que... Inclusive, falando com as pessoas que sofrem disso, o problema da seca no Rio Grande do Sul, na metade sul do estado, ele acontece há cem anos, mas a gente sabe que ele existe há muito mais tempo do que isso e que, às vezes, ele está ligado ao La Niña, às vezes ele não está ligado ao La Niña, é uma questão de ele estar abaixo do trópico, enfim. Esse sistema que será criado, de alerta de desastres, ele deve ser, de alguma maneira, também eficaz para fazer com que os produtores rurais, os prefeitos das cidades da metade sul possam ter uma noção do que pode acontecer e aí se prevenir com o abastecimento de água, com o represamento de água, com a manutenção de alimento para o gado, enfim, todas essas medidas que podem evitar prejuízos maiores e, até mesmo, evitar a morte dos animais? MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Olha, Marjulie, esta é a nossa expectativa. Por exemplo, no Nordeste, que é uma região castigada pela seca, historicamente, nós temos avançado em uma série de providências: a construção de cisternas, a própria transposição do rio São Francisco. São políticas estruturantes para amenizar o impacto da seca e para desenvolver essas regiões de forma mais sustentável. Então, nós temos que começar a analisar, com mais profundidade, a seca do Sul e verificar que tipo de projetos estruturantes podem prevenir e melhorar essa situação. O nosso Ministério pode ajudar a pensar soluções científicas, técnicas, contribuir, mas a responsabilidade, evidentemente, é do Ministério da Integração. E são projetos estruturantes que têm que estar dentro do Programa de Aceleração do Crescimento e que envolvem investimentos permanentes. O nosso sistema de alerta e prevenção vai tentar prevenir crises agudas em todas essas manifestações. Hoje, principalmente, desmoronamento e inundações, mas também ajudar a pensar sistemas de acompanhamento e providências em relação à seca. Quando o nosso sistema meteorológico começa a identificar secas prolongadas, nós temos que antecipar as medidas, para poder ter respostas prontas a hora que o problema surge perante a população. Portanto, o Brasil vai ter que aprender a construir uma política de segurança socioambiental, porque o clima está mudando, os extremos estão se acentuando. E isso também que nos sirva para pensar uma economia com sustentabilidade, a reduzir emissões de carbonos, a manter uma matriz energética limpa, a ter uma agenda ambiental estratégica para o desenvolvimento do Brasil. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Esse é o programa Bom Dia, Ministro. O nosso convidado de hoje, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, que conversa com âncoras de emissoras de rádio de todo o país. Lembrando que o áudio dessa entrevista vai estar disponível, ainda hoje pela amanhã, na internet, na página da Secretaria de Imprensa da Presidência da República. Anote o endereço: www.imprensa.planalto.gov.br. Ministro Aloizio Mercadante, vamos conversar, agora, com Goiânia, Goiás, a Rádio 730 AM de Goiânia. Nathalia Lima, bom dia. REPÓRTER NATHALIA LIMA (Rádio 730 AM / Goiânia - GO): Bom dia, Kátia. Bom dia, Ministro. Bom, Ministro, a gente sabe que as nossas universidades formam pesquisadores que são reconhecidos mundialmente. Como trazer esses pesquisadores de volta? O que se tem a oferecer para que eles saiam de outros países, saiam de outros laboratórios e retornem ao Brasil? MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Olha, excelente pergunta, Nathalia. Alguns países, por exemplo, a Índia criou o Ministério dos Indianos no Exterior, articulou essa rede, por exemplo, o Vale do Silício tem excelentes cientistas, pesquisadores indianos que estão nos Estados Unidos, e eles conseguiram articular, através dessa rede, mais de U$ 20 bilhões de investimentos na economia indiana. A China fez um programa que chama Tartaruga Marinha. Eles estão trazendo de volta pesquisadores que estavam fora de China e fazendo propostas de pesquisa, de trabalho, enfim, que esses pesquisadores voltem. E muita gente está voltando. A China vive um excelente momento econômico. Por que hoje é possível reverter essa diáspora de inteligência, de cérebro que o Brasil viveu durante mais de 20 anos? Porque a instabilidade e a recessão, a crise, passou. O Brasil, hoje, é um país que está entre as economias que melhor tiveram desempenho nessa crise, o país está crescendo mais de 7%, é um país que tem estabilidade, é um país que começou a ter política de inclusão social e distribuição de renda, é um país que tem uma democracia consolidada, estado de direito, liberdade de imprensa. O Brasil virou um país que atrai, hoje, a opinião pública mundial. É oitava economia do mundo, caminha rapidamente para ser a sétima. E nós queremos... Primeiro, que é importante que a gente tenha pesquisadores brasileiros nos principais centros de pesquisa do mundo. Nós temos que, primeiro, organizar essa rede de inteligência para trabalhar em conjunto, em parceria com os institutos de pesquisa no Brasil. Nós vamos criar um portal na internet. A Embrapa fez uma experiência, chama Labex - Laboratórios no Exterior -, que eles mandam pesquisadores seniores para fora, para articular parcerias e pesquisas com outras pesquisas da Embrapa. E foi excelente. Nós estamos avaliando essa pesquisa, foi uma excelente experiência da Embrapa. Nós queremos levar isso para outras instituições e para outras áreas. Nós estamos, também, acompanhando, agora, uma experiência do Instituto de Matemática do nosso Ministério, eles ofereceram duas bolsas de estudo para áreas bem sensíveis da matemática. Se inscreveram 34 europeus, 19 americanos, 19 asiáticos e vários pesquisadores brasileiros no exterior. Então, há interesse, há disposição. Nós vamos eleger quais são a áreas estratégicas que nós queremos motivar e vamos oferecer bolsa para que esses pesquisadores venham para o Brasil, inclusive, talentos estrangeiros podem vir para o Brasil por um período de, por exemplo, dois anos – chamada “Bolsa Sanduíche” ao contrário. Porque, hoje, nós só damos bolsa para brasileiro pesquisar no exterior, depois voltar. Agora, nós queremos que ele volte para trazer o que ele sabe, aqui. Se quiser ficar, aí faz um acordo com a instituição e permanece por mais tempo. Mas nós vamos estimular a montagem dessa rede, criar essa articulação na internet e oferecer bolsa de estudos. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Este é o programa Bom Dia, Ministro. Estamos, hoje, com o ministro Aloizio Mercadante, da Ciência e Tecnologia, que conversa com rádios de todo país. Ministro, vamos, agora, a São Paulo, conversar com a Rádio Bandeirantes, de São Paulo, onde está Leandro Manço. Bom dia, Leandro. REPÓRTER LEANDRO MANÇO (Rádio Bandeirantes / São Paulo - SP): Bom dia, Kátia. Bom Dia, Ministro. Ministro, o senhor enfatizou, agora há pouco, a importância da participação dos prefeitos, dos municípios no desenvolvimento desse plano de sistema de alertas e prevenção de chuvas. No entanto, a gente sabe da dificuldade de alguns municípios. Ontem, por exemplo, conversei com o prefeito de Mauá, o Oswaldo Dias - que o senhor conhece muito bem -, sobre a sexta morte que aconteceu na cidade, em função das chuvas. E ele me disse que, por exemplo, há um córrego que corta a cidade, que transborda sempre, que tem causado problemas para os moradores, inclusive uma das mortes está relacionada a este córrego. E ele foi bem enfático ao dizer que a cidade não possui verba suficiente, por exemplo, para fazer uma canalização nesse córrego. Se não tem verba para este tipo de emergência, como é que a cidade vai investir, vai se dotar para a prevenção de chuvas? Como é que a cidade pode investir o suficiente na Defesa Civil? Eu queria saber se o Ministério da Ciência e Tecnologia pode fazer algum tipo de plano, algum tipo de incentivo para que esses municípios que possuem áreas de risco possam, de fato, investir e ampliar o sistema de defesa da Defesa Civil. Ministro, bom dia. MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Bom dia, Leandro. Achei excelente a sua discussão, porque são planos diferentes. Quer dizer, há um problema em Mauá... Eu diria na Grande São Paulo toda. Nós tivemos, nas últimas chuvas do ano passado, 79 mortos em São Paulo, 25 mil desabrigados e desalojados. Eu visitei, praticamente, 70 cidades atingidas, e são problemas de natureza diferente, mas alguns se repetem. Então, a primeira providência, quando há enchentes em área urbana, são projetos de macrodrenagem. Por exemplo, piscinões. Isso tem que ser encaminhado junto ao Ministério das Cidades, tem que ser feito um projeto técnico, tem que ser aprovado. O governo federal tem investido e financiado várias experiências de macrodrenagem. Mas isso não concorre com o que nós estamos defendendo. Mauá não é só um problema de inundação, é também um problema de desmoronamento. Por exemplo, ali no Jardim Zaíra, que é um morro, uma população extremamente pobre, exposta à área de risco e sujeita a desmoronamento. Então, nós precisamos, junto com essas obras de prevenção, ou obras que vão resolver problemas como inundação, ter um sistema de alerta. Porque mesmo que inunde, as pessoas não morram. Ou mesmo que haja desmoronamento no morro, a gente consiga tirar a população antes disso. Porque este sistema de alerta e prevenção é para evitar mortes, é para evitar perda de vida, é para evitar o sofrimento de ter que enterrar um parente por falta de uma providência. E nós não podemos assistir o que vem se repetindo no Brasil. Então, tem que organizar a Defesa Civil. Nós vamos criar lá uma sirene, a hora que começou a chover demais e os nossos indicadores mostrarem que há risco, seja de inundação, desmoronamento, essa Defesa Civil tem que ter preparado a população para sair imediatamente. Vou dar um exemplo: agora, ali, no Rio de Janeiro, na região serrana, a cidade de Areal. Um prefeito falou com o outro e disse: “Aqui em cima está descendo muita água, vai chegar aí daqui a pouco. Tome providências”. Eles pegaram um carrinho de som e saíram avisando as duas margens do rio que ia ter uma enchente na região. Não morreu ninguém. A enchente teve? Teve. Perdeu bens materiais? Perdeu. Casas foram destruídas? Foram. Mas não morreu ninguém em Areal. Então, esse sistema de alerta e prevenção tem que ser implantado, independente do ritmo das obras, porque nós precisamos fazer muita obra pra enfrentar essa chuva. Ontem, o ABC inteiro foi alagado. Nós tivemos... Estamos tendo inundações recorrentes na Grande São Paulo. Mesmo onde foi feito o piscinão inundou em São Paulo, na cidade, por exemplo, Aricanduva. A calha do Tietê tem que ser aprofundada, faltou desassoreamento. Agora, essas obras terão que ser feitas, essas medidas de limpeza de córregos, desassoreamento de rio têm que ser implementadas. Mas nós precisamos, paralelamente, implantar um sistema de alerta e monitoramento, e evitar que as pessoas morram por falta de providências. E é esse esforço que o governo federal vai fazer. E o professor Oswaldo Dias, com a sensibilidade que ele tem, com a competência, com a experiência da vida pública, tenho certeza que ele vai se dedicar muito a implantar esse sistema também em Mauá, e nós vamos ajudar. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Este é o programa Bom Dia, Ministro. Eu sou Kátia Sartório. Estamos, hoje, com o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante. Lembrando que o nosso programa é multimídia, estamos no rádio e na televisão. E a NBR, a TV do governo federal, reapresenta, ainda hoje à tarde, a gravação dessa entrevista, e também em horários alternativos, no sábado e no domingo. Ministro, agora, nós vamos conversar com a Rádio Amazonas FM, de Manaus, no Amazonas, onde está Patrick Motta. Bom dia, Patrick. REPÓRTER PATRICK MOTTA (Rádio Amazonas FM / Manaus - AM): Bom dia, Kátia Sartório, senhoras e senhores ouvintes, e bom dia, Ministro. MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Bom dia, Patrick. REPÓRTER PATRICK MOTTA (Rádio Amazonas FM / Manaus - AM): Ministro, o nosso assunto é ampliação dos investimentos em pesquisa e inovação. Aqui, em Manaus, está a sede do INPA, que é Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. E a pergunta é, ministro: o INPA estará beneficiado, de que forma, nesta ampliação de investimento em pesquisa e inovação? MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Patrick, é excelente a sua pergunta, para mostrar o quão diverso é o nosso Brasil, a riqueza das culturas, da problemática de um país continental. E um problema, só queria dizer, tem relação com o outro. Porque se nós quisermos diminuir... Se nós quisermos contribuir para diminuir essa deterioração, esse desequilíbrio climático que nós estamos vivendo, nós vamos ter que saber preservar as nossas riquezas naturais, especialmente a Amazônia, que é a nossa contribuição para reduzir as emissões de carbono. E Amazônia tem que ter alternativas de desenvolvimento para isso. Não é só problema de fiscalização de queimadas e desmatamento, tem que ter projeto de desenvolvimento da região. Eu estou indo para aí, para a Amazônia, dia 24, para Manaus, e dia 25. Estou indo exatamente para visitar o INPA, que é o maior centro de ciências tropicais, de biologia tropical, reconhecido internacionalmente. É o maior centro de pesquisa, nessa área, de todo mundo. Tem oito cursos de pós-graduação de grande reconhecimento acadêmico, e é uma instituição que tem um papel absolutamente essencial. Nós temos, ainda, em Belém, o Museu Goeldi; temos Mamirauá, lá na região central do Amazonas, que são institutos do nosso Ministério. Eu estou indo, inclusive, para discutir o Centro da Biodiversidade da Amazônia, que é um prédio extremamente sofisticado, um laboratório de primeira qualidade, e que nós precisamos fazer parceria para estimular mais a pesquisa da biodiversidade. Inclusive, tive reunião com o presidente de Embrapa essa semana, com o Arraes, e nós estamos estabelecendo uma parceria, que queremos construir entre o INPA, a Embrapa, o Museu Goeldi e outras instituições de pesquisa em biodiversidade, junto com governo do estado... Vou conversar com o nosso governador, Omar. Vamos conversar com a Suframa, com o Ministério Desenvolvimento Econômico e Industrial, com o Mdic, e o nosso Ministério, para construir esse grande entendimento em torno desse centro. Por quê? Porque nós precisamos gerar valor agregado à biodiversidade da Amazônia. O Brasil é o G1 em biodiversidade, o país tem 23% de biodiversidade do planeta. E nós temos que saber utilizar esse patrimônio genético para desenvolver produtos. Vou dar um exemplo concreto, você deve conhecer: o açaí. O açaí é um sucesso internacional e no Brasil, só que 70% do valor agregado do açaí, fica fora de Amazônia, não fica aí, não gera emprego na Amazônia. Então, nós queremos construir base produtiva, tecnologia na Amazônia, para que a riqueza gerada pela matéria-prima fique por 25 milhões de pessoas que vivem na Amazônia. Porque são soluções como essa que teremos, para poder gerar uma economia saudável e sustentável na região. Além, evidentemente, do Polo Industrial de Manaus, nós queremos criar novos parques tecnológicos na Amazônia e incubadoras de empresas com base tecnológica, voltadas para valorizar a biodiversidade. Então, é muito importante. O INPA tem papel extraordinário neste caminho. O Centro da Biodiversidade da Amazônia, o CBA, e outras instituições de pesquisa que podem dar um salto de qualidade. E nós queremos que a Finep, CNPq, o BNDES deem prioridade a esses investimentos na Amazônia. E o pessoal do Sul e do Sudeste tem que olhar, nessa parceria com a Amazônia, sabendo que isso vai ajudar a contribuir para diminuir esse desequilíbrio que climático que está trazendo as consequências que nós estamos vendo hoje. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ministro, vamos, agora, a Salvador, na Bahia, conversar com a Rádio Excelsior, de Salvador. Edson Santarini, bom dia. Edson? REPÓRTER EDSON SANTARINI (Rádio Excelsior / Salvador - BA): Oi, tudo bem, bom dia a todos. Eu continuo, daqui a pouco, com o Jorge Assis, do Detran. Agora, eu vou falar com o... APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Nós estamos, ao vivo, com a Rádio Excelsior, Ministro. REPÓRTER EDSON SANTARINI (Rádio Excelsior / Salvador - BA): Ok, Ministro. Um grande abraço, ministro Aloizio. Um forte abraço, receba uma abraço caloroso do povo baiano, que gosta muito do senhor. Ministro, nós sabemos que as soluções para os problemas de emprego, educação, habitação, saúde, saneamento, são vinculadas a inovações em produtos e serviços, por sua vez, dependentes de pesquisa. Só que o setor público continua arcando com esta despesa, ainda mais. O senhor pretende, na Pasta da Ciência e Tecnologia, expandir a participação das parcerias público-privadas, ou seja, a iniciativa privada para a área de tecnologia, como o senhor analisa, e se faz parte do seu projeto, à frente do Ministério? MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Bom, um abraço, também, para você, Edson, para toda a população baiana aí. Um abraço com muito axé. Dizer para você o seguinte... Saudade, também, de comer aí um acarajé. Espero logo, logo estar aí, com o Jaques Wagner, visitando a cidade, o estado. REPÓRTER EDSON SANTARINI (Rádio Excelsior / Salvador - BA): Cuidado com a pimenta, viu, Ministro? MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: É, pimenta. Eu gosto de acarajé quente Deixa eu te dizer uma coisa: a inovação exige parceria com as empresas. Se o setor privado brasileiro não desenvolver pesquisa e desenvolvimento, não utilizar as universidades, os doutores, mestres da ciência, para poder ser mais competitivo, mais eficiente, esses setores não vão ter lugar na economia mundial. Onde nós fizemos isso, o Brasil está bem. Por exemplo, a Embrapa e agricultura. É um exemplo de êxito. O Brasil, hoje, é o segundo maior produtor e exportador de alimentos no mundo. O ITA e o CTA, na Aeronáutica, o Inpe, em relação a Embraer. Nós temos a terceira empresa de avião do mundo. Por quê? Porque tem investimento em ciência e tecnologia, formação de engenheiros, e nós desenvolvemos a terceira empresa aeronáutica do mundo. Ou o Cenpes, que é o centro de pesquisa da Petrobras, e a descoberta do pré-sal, de gás e petróleo. Então, nós precisamos disso nos outros setores da economia. O problema que o setor privado brasileiro, espontaneamente, ele gera muito pouca inovação. Por quê? Porque viemos de uma economia de substituição de importações. Quer dizer, era um mercado fechado. Você inovava importando máquinas e equipamentos, substituindo o que você importava produzindo aqui, e porque nós tivemos 25 anos de recessão, de instabilidade, de hiperinflação, e que o empresariado aprendeu a se defender, a sobreviver, e não tinha estabilidade macroeconômica para pensar um projeto mais ousado. E também não havia... Porque a visão neoliberal, também, é que o mercado resolve e não resolve essa questão no Brasil, nós precisamos de políticas públicas. Então, hoje, nós temos o PDP, a Política de Desenvolvimento Produtivo; temos política industrial; o BNDES. O Ministério de Ciência e Tecnologia tem bolsa de estudo, por exemplo, para mestres e doutores trabalharem nas empresas, em parceria. Nós criamos 122 Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia só para dedicar à pesquisa e buscar inovação com as empresas. Quem não fizer a parcerias com a empresa, não terá prioridade não financiamento desses institutos, os editais dizem isso. Tudo para trazer o setor privado em parceria com o setor público, e avançava na inovação. Uma das metas que eu tenho, agora, é transformar a Finep num grande banco da inovação no Brasil, e se transformar a Finep numa instituição financeira, ou seja, que ela tenha capacidade de alavancar recursos e financiar as empresas com recursos não reembolsáveis e reembolsáveis, dependendo da natureza da pesquisa, dependendo da natureza do processo. Porque inovação é risco, assim como pesquisa é risco. Mas é esse risco que vai fazer o Brasil uma potência econômica. Nós temos que estimular, fomentar essa parceria, criar uma cultura empresarial para inovação e criar uma cultura, na universidade acadêmica, também voltada para a inovação. Esse é o grande desafio para o futuro de economia brasileira. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Esse é o programa Bom Dia, Ministro. Estamos no rádio e na televisão, conversando com o Ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante. Ele conversa com âncoras de emissoras de rádio de todo o país. Ministro, vamos, agora, a Maceió, em Alagoas, a Rádio Jornal 710 AM, de Maceió. Moreyra da Silva, bom dia. REPÓRTER MOREYRA DA SILVA (Rádio Jornal 710 AM / Maceió - AL): Bom dia. Bom Dia, Ministro Aloizio Mercadante. Receba, antes de tudo, um abraço fraterno do povo de Alagoas. Ministro, o Sistema Nacional de Prevenção e Alerta de Desastres Naturais é superimportante. O governo federal vai exigir dos governos estaduais e municípios uma severa fiscalização para a proibição de construções em áreas de risco? E outra pergunta seria: o que o seu ministério acha e vê da vinda de Estaleiro Eisa para o estado de Alagoas? MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Olha, primeiro, em relação a estaleiros, eu vejo com muita simpatia. Eu acho que esse é um projeto estruturante, que tem que ser orientado exatamente para diminuir as assimetrias, diminuir as desigualdades do Brasil. Então, o Nordeste precisa ter um outro olhar, como o governo do presidente Lula teve. A ministra Dilma, hoje presidenta, coordenou essas políticas e projetos estruturantes. A Transnordestina, os estaleiros, as refinarias, as transposição do Rio São Francisco, a modernização das estradas são todos projetos estruturantes que fizeram o Nordeste ter um impulso, em termos de desenvolvimento, extraordinário, junto com as políticas de distribuição de renda: Bolsa Família, salário mínimo, crédito consignado, que geraram um mercado interno mais forte e novas oportunidades de negócios de investimento. Então, vejo com grande simpatia a questão do estaleiro. Quanto à prevenção, quer dizer, o nosso sistema de alerta e prevenção vai cuidar, como eu disse, desse acompanhamento das chuvas, da ameaça de tempestades, das áreas de risco e de retirar a população. Mas a prevenção não se esgota nisso. É necessário que as outras políticas, o Plano Diretor das cidades, o reconhecimento das condições ambientais para construir um bairro ou uma casa, a fiscalização das encostas de áreas de inundação, que as leis já proíbem construções, que haja mais fiscalização, que cada um cumpra sua responsabilidade – o prefeito, a Câmara Municipal, o governo do estado, em parceria com governo federal. E nós não podemos ficar empurrando a responsabilidade. Nós temos que trabalhar juntos, em parceria, buscando, cada um na sua competência, ajudar a solucionar. E, evidentemente, muitos municípios precisam de programas federais para poder amenizar a falta de planejamento urbano, que é um dos fatores maiores de risco nas cidades. Alguns programas, como o Minha Casa, Minha Vida estão sendo canalizados exatamente para dar prioridade a essa população em área de risco, ou seja, você, naquele cadastro de prioridades da população carente, um olhar diferenciado para aquela população que está em área de risco e que tem que ser removida, para a gente ir, ao longo do tempo, amenizando. Agora, vou insistir: é importantíssimo fazer isso, impedir que essas áreas se expandam, mas nós temos ter um sistema de alerta pronto para reação. Exemplo: nas últimas chuvas, a mesma inundação que atingiu Pernambuco, atingiu Alagoas, e nós tivemos 50 mortes em Alagoas. Se nós tivéssemos um sistema atento, nós poderíamos ter evitado essas mortes, mesmo com as áreas de risco e exposição. Então, nós vamos investir muito nesse sistema, e nada é mais valioso que a vida. A partir da vida, a gente pode recomeçar muita coisa, sem ela a gente sabe que os danos são absolutamente definitivos. Então, precisamos trabalhar um programa de defesa de vida, e o nosso sistema de alerta e prevenção vai cuidar essencialmente disso. O Ministério das Cidades, o Ministério da Integração farão obras estruturantes, farão remoção de população associada ao programa Minha Casa, Minha Vida, investimentos de macrodrenagem, tudo isso leva tempo. Agora, esse sistema de alerta e prevenção tem que ser implantado com prioridade, para nós não assistirmos mais tragédias como temos tido. E quero aí pedir a mobilização dos prefeitos, governadores, o governador do estado, Teo Vilela, que foi companheiro comigo, lá no Senado Federal, para a gente trabalhar já olhando para inverno no Nordeste, porque no Nordeste as chuvas chegarão agora, no inverno. Nós temos pouco tempo para avançar, e nós queremos dar um apoio para começar a tomar as medidas necessárias. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ministro, ainda no Nordeste, vamos conversar agora com Fortaleza, no Ceará, Rádio Verdes Mares, onde está Nilton Sales. Bom dia, Nilton. REPÓRTER NILTON SALES (Rádio Verdes Mares / Fortaleza - CE): Bom dia. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Nilton? Nilton, nós não estamos escutando, você pode aumentar o seu retorno, por favor? REPÓRTER NILTON SALES (Rádio Verdes Mares / Fortaleza - CE): E agora, está escutando? APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Pode aumentar um pouquinho mais. REPÓRTER NILTON SALES (Rádio Verdes Mares / Fortaleza - CE): Ok. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Nilton? REPÓRTER NILTON SALES (Rádio Verdes Mares / Fortaleza - CE): E agora? MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Agora estamos. Pode falar, Nilton. REPÓRTER NILTON SALES (Rádio Verdes Mares / Fortaleza - CE): Bom dia, Ministro. O senhor... APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Não, não está chegando. Nilton, nós vamos retornar a ligação, daqui a pouco a gente conversa de novo com Nilton Sales, da Rádio Verdes Mares, de Fortaleza. Vamos, então, a Ribeirão Preto, Ministro, em São Paulo, conversar com a Rádio Bandeirantes, de Ribeirão Preto. João Marcos, bom dia. REPÓRTER JOÃO MARCOS (Rádio Bandeirantes / Ribeirão Preto - SP): Bom dia a todos. Bom dia ministro Mercadante. Ministro, como conseguir atrair de volta para o país pesquisadores, cientistas, que tem lá fora estrutura, verba, bolsas, prestígio e garantia de continuidade nos trabalhos sem sofrer sobressaltos, Ministro? MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Olha, João Marcos, foi assim, mas hoje não é assim, a economia americana vive um quadro de desemprego, de corte de gasto público, de dificuldades em áreas sensíveis. A Europa, o quadro ainda é muito mais delicado, cinco países europeus estão com a necessidade de financiamento do setor público para este ano superior a 20% do PIB, portanto estão cortando drasticamente recursos. Você viu, por exemplo, na Inglaterra, a mobilização dos estudantes para implantar o fim do ensino pago, e isso atingindo também cortes de programa de pesquisa, isso se repete em vários países europeus, como a Itália; a França vive problemas fiscais bastante delicados e casos mais dramáticos como Irlanda, Grécia, enfim, Portugal, Espanha, que vive uma situação fiscal também muito aguda. E de outro lado, o Brasil é um país com quadro de estabilidade econômica que já vem há anos, com crescimento sustentável, que foi um dos últimos países a entrar na crise e um dos primeiros a sair da crise, por isso há um interesse dos pesquisadores e mesmo de brasileiros, para voltarem aqui para o nosso país. E é esse interesse, esse momento que exige que a gente construa instrumentos que motivem. Aqueles que quiserem continuar pesquisando lá, é importante que permaneçam, nós vamos criar programas na internet para que eles participem, colaborem com pesquisas que estão acontecendo no Brasil, na forma de rede, porque essas parcerias ajudam a resolver problemas acadêmicos, científicos, tecnológicos. Então, nós queremos que eles organizassem a inteligência brasileira no exterior, mas nós temos sentido um grande interesse nessa ideia de abrir bolsas de estudo para que brasileiros possam voltar para o país. E outra coisa, eu tenho andado muito, tive recentemente fazendo uma palestra lá em Harvard, encontrei muitos brasileiros, e ser brasileiro é uma cachaça, o sujeito não esquece, ele adora isso aqui, ele pode estar lá fora, mas a raiz, a alma, a história, essa alegria do povo brasileiro, essa forma de ser é uma forma muito especial. Então, se nós abrirmos essas janelas, eu tenho certeza que muitos voltarão ou participarão em parceria, porque eles querem ajudar o Brasil, querem contribuir com o Brasil e é muito importante que isso aconteça. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: É verdade, Ministro, até a minha irmã volta agora para a UFRGS, vindo de Barcelona, ela e o marido, trazendo toda uma experiência nessa área, são pesquisadores também. MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: E você estava dizendo, Kátia, que ela é uma pós-doutora em farma. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Isso. MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Está vindo da Espanha. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Isso. Ela e o marido. MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Ela e o marido. E a Espanha está muito difícil. Está muito difícil a situação econômica, e aqui nós temos muitas oportunidades, portanto... A gente falava em ‘Yankee go home’, não é? ‘Brasil go home’. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: E a nossa família está muito feliz porque agora está tudo aqui. MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: E nós também, porque traz uma bagagem, traz uma experiência, traz um acúmulo que vai ajudar a pesquisa e o desenvolvimento aqui no País. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Está certo. Ministro, agora, sim, vamos falar com Nilton Sales, lá da Rádio Verdes Mares, de Fortaleza, no Ceará. Está ouvindo a gente agora bem, Nilton? Bom dia. REPÓRTER NILTON SALES (Rádio Verdes Mares / Fortaleza - CE): E agora, estão me ouvindo? APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Sim. REPÓRTER NILTON SALES (Rádio Verdes Mares / Fortaleza - CE): Sr. Ministro, muito bom dia. Quero dizer para o senhor que há dois dias chove muito forte na região metropolitana de Fortaleza e com pequenas inundações. Agora, eu pergunto ao senhor, esse sistema de alarme que o governo federal vai implantar, será a partir de quando? MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Olha, Nilton, nós estamos já com o desenho do programa, teremos hoje uma reunião com sete ministérios, para detalhar a estratégia, para definir os recursos, mas vamos começar a dar assessoria para os governadores, prefeitos, que já se mobilizam nessa direção, e alguns estados já estão se adiantando. Como eu disse aqui, o estado do Espírito Santo, o governador Renato Casagrande já quer a partir de março deflagrar o processo, vai comprar o radar, que um dos radares que nós precisamos é ali no Espírito Santo, que não tem cobertura de radar meteorológico, e vai mobilizar a Defesa Civil. Eu tenho certeza que no Ceará, a prefeita Luizianne, o governador Cid, estarão muito atentos e muito dispostos na colaboração desse esforço. E nós pretendemos iniciar imediatamente a implantação desse programa. Vamos começar pelas áreas mais críticas, aí nós vamos ter que fazer um ranking das situações mais críticas no Brasil, com maior potencial de crise, para depois ir cobrindo os demais municípios. O país é muito grande, como eu disse no início, a situação é muito diferenciada, tem estados que não têm um mapeamento geológico, cidades que não têm nenhum mapeamento geológico, nós não sabemos onde estão áreas de risco, não foi feito nenhum estudo, portanto, a implantação vai ser mais lenta, porque a capacidade da geologia brasileira de cobrir todo território brasileiro vai demorar um certo tempo, os estados que já têm esse sistema ou, pelo menos, esses estudos adiantados, será mais rápida a implantação do programa, mas nós daremos uma atenção especial à parte do Nordeste, aí do litoral, que são sempre atingidos pelas chuvas de inverno. E, portanto, nesse começo, esta é uma das áreas também que a gente quer dar uma atenção especial no início do programa. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ministro, vamos agora conversar a Rádio Inconfidência, de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Gustavo Abreu, bom dia. REPÓRTER GUSTAVO ABREU (Rádio Inconfidência / Belo Horizonte - MG): Bom dia, Kátia. Bom dia, Ministro. Nos debates sobre as medidas que poderiam evitar catástrofes, como a que o País assiste hoje na região Serrana do Rio, ou mesmo aqui no sul de Minas, muito se falou no desenvolvimento dos sistemas de alerta, especialistas dizem que tecnologia há, nessa semana mesmo foi divulgado um sistema desenvolvido pela Universidade Federal Fluminense, que usa técnicas de georreferenciamento e a comunicação por celular para alertar as pessoas da possibilidade de enchentes, deslizamentos, enfim, mas nem sempre, Ministro, a gente vê o que se desenvolve nas universidades, em outros centros de pesquisa, mesmo os particulares, ganhar as ruas, sendo aplicado em benefício das pessoas. A pergunta, na verdade as perguntas são duas. O Ministério de Ciência e Tecnologia acompanha de perto o que desenvolve no país em termos de tecnologia? E o que há de estímulo para aplicação do que se cria com sucesso nos laboratórios? MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Gustavo, nós temos... O Rio de Janeiro, eu disse no início, a cidade do Rio, não o estado do Rio de Janeiro, como esse recente episódio demonstrou. A cidade do Rio de Janeiro comprou um radar meteorológico, tem o Geo-Rio, que tem uma equipe de geólogos, e fez mapeamento das suas áreas de encostas e tem um levantamento preliminar. Esse sistema ainda não foi implementado, nem o sistema dos agentes comunitários que vão da Defesa Civil orientar as comunidades que estão expostas, o sistema de sirene, e esses celulares, eles servem inclusive para alimentar a rede, especialmente os dados do pluviômetro. Nós vamos ter que implantar isso no Brasil inteiro. O estado de Santa Catarina, por exemplo, tem um bom sistema de monitoramento e alerta, no Vale do Itajaí, sofreu várias inundações e o sistema demonstrou eficiente na última crise, pelo menos no que se referia às inundações, menos em relação ao desmoronamento. Então, é desigual a situação. Evidentemente que as cidades mais ricas têm um sistema melhor, tem mais condições, e estão mais adiantadas do que outras. A cidade de São Paulo, por exemplo, o Instituto Tecnológico da USP, o IPT, fez um excelente levantamento, já há mais de dez anos que isso está disponibilizado, já há um sistema de alerta sendo implantado, mas não há nenhum trabalho da Defesa, de mobilização da população no momento de crise. Então, nós temos ainda que avançar também nisso na cidade de São Paulo. Agora, a maioria, olhando aí todo o sistema Cantareira, por exemplo, do sul de Minas, é uma região de morraria, uma região exposta a desmoronamentos, exposta às inundações, e não me consta que a gente tenha esse levantamento geológico disponibilizado. Então, nós vamos mobilizar as universidades, todas as escolas de engenharia de geologia para fazer esse georreferenciamento, e todo levantamento geológico das áreas de risco, enquanto nós avançamos na implantação desses equipamentos. Eles existem, os equipamentos, por exemplo, um radar meteorológico custa em torno de US$ 1,5 milhão, é caro, são poucos estados e municípios que podem arcar com esse ônus. Então, o governo federal vai ter que ajudar a montar essa rede, a unificar e integrar com a rede da aeronáutica, que hoje só cuida do espaço aéreo, mas ele pode também disponibilizar as informações do clima para mobilizar essa estrutura de rede no nosso sistema de alerta, e a aeronáutica vai participar desse esforço. Então, esses pluviômetros vão ter que ser colocados nas áreas de risco, se você não conhece as áreas de risco, você não tem como implantar esse equipamento. Portanto, nós vamos... Vai ainda demorar um tempo para a gente consolidar esse sistema, especialmente nas regiões que não têm as informações necessárias para o sistema ser eficiente. De qualquer forma, a população precisa acompanhar essa cultura, criar uma cultura de prevenção, as defesas civis irem se organizando, se instalando, estarem atentas, porque isso ajuda a prevenção, mesmo nessa etapa inicial que nós estamos. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ministro Aloizio Mercadante, vamos conversar agora com a Rádio BandNews FM, aqui de Brasília, do Distrito Federal, a pergunta é de Guilherme Guedes. Bom dia, Guilherme. REPÓRTER GUILHERME GUEDES (Rádio Band News / Brasília - DF): Bom dia, Kátia. Bom dia, Ministro. O sistema de prevenção de desastres vai levar quatro anos para funcionar plenamente. Como vai funcionar a prevenção nesse intervalo? As pessoas serão alertadas a tempo? Ou seja, quais serão as ações de emergência enquanto o sistema não fica pronto? Outra questão, Ministro, é exatamente como o governo pretende atrair cientistas para o País, se um bolsista do CNPq, por exemplo, ganha três, quatro mil reais para pesquisa, e lá fora, em média, tem acesso a recursos muito maiores. MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Bom, Guilherme, primeiro, a nossa estimativa é que em até quatro anos o sistema esteja totalmente implantado, mas nós vamos começar a implantar imediatamente, tanto os equipamentos, melhorar a previsão meteorológica, porque não é uma ciência simples você prever os fenômenos da natureza, mais complexo ainda é você fazer essa previsão e ter a informação de que esse volume de chuvas pode levar, por exemplo, a uma inundação. Você tem que conhecer a bacia hidrográfica, saber... Porque às vezes não chove na cidade, mas chove na cabeceira, e a água chega. Então, o estudo dessas bacias hidrográficas precisa estar disponibilizado e nós temos que identificar quais são as encostas de morro que tem população sujeita a desmoronamento. Então, esse trabalho de geologia, ele é imprescindível para o sistema, nós não temos como montar um sistema eficiente de alerta sem informações científicas e técnicas consistentes. O sistema, ele tem que ser consistente e tem que ser implementado. Nós não fizemos isso em 510 anos? Vamos fazer o mais rápido possível, mas os prefeitos não fizeram, os governadores não fizeram, os governos anteriores não fizeram, e não fizeram porque o clima não estava tendo as mudanças que nós estamos assistindo, há um desequilíbrio climático, e as precipitações, as tempestades tropicais estão se acirrando no Brasil, estão se intensificando, e nós precisamos de uma resposta, e vamos buscá-la, implantar o mais rapidamente possível. Nós vamos trabalhar direto, todos os dias, mobilizar todos os recursos que estão ao nosso alcance para implantar esse sistema. Até lá, as defesas civis dos seus municípios têm que discutir um plano de contingência e buscar orientar a população em situações de crise, com recursos que ela tem, porque os dados meteorológicos que nós temos estão disponibilizados na internet. Você pode entrar ali no CPTEC/INPE, você tem todo o dia a previsão do clima, a televisão dá, o rádio dá, as informações estão aí mais expostas, e a Defesa Civil pode começar a pensar suas iniciativas. Agora, o sistema nacional integrado, consistente, tecnologicamente preparado vai exigir um tempo para ser implementado, e nós vamos, num país desse tamanho, com 190 milhões de habitantes, com a falta de informações que nós temos em várias regiões, vai demorar um certo tempo, porque a própria capacidade da geologia do Brasil tem limites para poder chegar lá. Em relação à remuneração dos cientistas, você viu aqui um depoimento pessoal da Kátia, que a irmã dela, que era uma pós-doutora na área de farmacologia, está voltando para uma universidade federal, porque há interesse em voltar, a instabilidade do país e a crise lá fora dá uma janela de oportunidades para a gente trazer talentos científicos. O crescimento sustentado do Brasil, a democracia no Brasil, a estabilidade institucional do Brasil, estabilidade econômica do Brasil e a perspectiva do Brasil com pré-sal, com o crescimento, está atraindo um interesse científico, não só de pesquisadores isolados. Por exemplo, a GE, que é uma grande empresa, implantou um centro de pesquisa e desenvolvimento no Rio de Janeiro, contratando 200 brasileiros pesquisadores, todas as patentes serão registradas no Brasil, US$ 250 milhões de investimento. A IBM está montando um grande centro de pesquisa, também no Rio de Janeiro, nessa área voltada para disputar esse mercado do pré-sal. A Vale do Rio Doce está criando três institutos de pesquisa importantes, inclusive ali, o Parque Tecnológico São José dos Campos criou a Vale Soluções Energéticas, só esses investimentos são R$ 500 milhões de investimento em pesquisa e desenvolvimento de produtos. A Embraer também. Então, as empresas estão começando a se mover, as universidades estão começando a se consolidar, a pesquisa brasileira hoje é o 13º ranking em termo de produção científica internacional, é um país que a pesquisa cresce cinco vezes mais que a média internacional. Portanto, essa cultura do fracasso tem que ser superada, o Brasil é um país que deu certo, é um país que tem um caminho, um país que tem um futuro, é um país que tem que ter autoestima, e é um país que tem que disputar os seus talentos. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Rapidamente, Ministro, nosso tempo já está esgotando, mas está na linha a Rádio Recife, Rádio Boas Novas 580 AM, de Recife, em Pernambuco, onde está Elida Regis. Bom dia, Elida. REPÓRTER ELIDA REGIS (Rádio Boas Novas 580 AM / RECIFE - PE): Bom dia. Bom dia, Ministro. Ministro, como funcionará essa política de estímulos para repatriação de talentos no exterior? MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: De duas formas. Uma: bolsas de estudo, nós chamamos aí de uma bolsa de sanduíche ao contrário, por exemplo, o instituto de matemática que está fazendo esse concurso, fez uma oferta de duas bolsas, como expliquei para vocês, nós estamos monitorando para ver a experiência, eram bolsas... Na realidade é um salário, é uma bolsa equivalente a doutor, que está em torno de R$ 3.500,00, mais uma ajuda de custo de R$ 4.000,00 para quem vem de fora poder se instalar no Brasil. E esse programa despertou interesse em 19 pesquisadores americanos, 34 europeus, acho que são 18 asiáticos, e mais brasileiros no exterior, houve um grande interesse. Então, em cima dessa experiência, nós vamos criar um modelo do CNPq, professor Glaucius Oliva, que é o presidente do CNPq, que é um físico engenheiro da USP, está desenhando essa proposta e nós teremos aí um sistema eficiente. Além disso, estamos fazendo um portal para organizar toda essa rede de pesquisadores cientistas no Brasil, para colaborarem, para terem contato, para ajudarem as pesquisas no País e com isso a gente reaproximar a inteligência brasileira no exterior. Só nos Estados Unidos tem três mil professores brasileiros dando aula e eu tenho certeza que eles têm grande interesse em contribuir com o País. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ministro, infelizmente nosso tempo acabou, eu gostaria de agradecer muito a presença do senhor em nosso programa e convidá-lo a voltar mais vezes, porque ainda ficaram algumas perguntas pendentes. MINISTRO ALOIZIO MERCADANTE: Não, tem muita coisa para discutir, me coloco inteiramente à disposição, e sempre que for convidado, pode ter certeza, que eu estarei nesse jornalismo que presta esclarecimento, informações, que permite debate democrático. Bom dia. Bom trabalho e vamos à luta. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Obrigada, Ministro. E a todos que participaram conosco dessa rede, meu muito obrigada e até o próximo programa