26/03/2009 Economia apresenta sinais de recuperação diante da crise, avalia ministro Miguel Jorge
26/03/2009 Economia apresenta sinais de recuperação diante da crise, avalia ministro Miguel Jorge
Em 2009, o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior terá com ação principal a promoção comercial do Brasil. Num contexto de crise mundial, o comércio exterior brasileiro vem apresentando queda nos desempenhos em relação ao ano passado. Para garantir o bom desempenho das exportações brasileiras neste ano, o ministro Miguel Jorge comandará missões comerciais a diversos países, com o objetivo de abrir e consolidar mercados e promover produtos brasileiros com maior grau de intensidade tecnológica. O ministro conversou com âncoras de rádio de todo o país, durante o programa Bom dia, Ministro, desta quinta-feira, dia 26 de março.
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Publicado em 12/12/2016 18:20
26/03/2009 - PROGRAMA: Bom Dia Ministro, com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge.APRESENTADORA: KÁTIA SARTÓRIO ÍNTEGRATEMA: Promoção Comercial do Brasil em tempos de crise.APRESENTADORA: KÁTIA SARTÓRIO: Na pauta do programa de hoje, as estratégias de promoção comercial do Brasil como as missões comerciais a diversos países num ano de crise econômica mundial. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Miguel Jorge, vai apresentar as medidas de combate a crise, como desoneração do investimento. Miguel Jorge vai explicar também, como o Brasil está atuando para reverter a atual situação de aumento sistemático do número de barreiras a produtos brasileiros, que foram implantadas pela Argentina. O ministro do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, já está aqui no estúdio e começa a conversar agora com âncoras de emissoras de rádio de todo o país. RÁDIO JOVEM PAN-SÃO PAULO (SP)/PATRICK SANTOS: Obviamente que o assunto, que vem dominando o cenário econômico, principalmente com relação aos efeitos dessa crise financeira mundial aqui no Brasil, há uma expectativa muito grande da prorrogação do IPI para o setor automotivo. Está mais do que provado os efeitos positivos dessa medida que o governo adotou em reduzir o IPI para os carros. Isso de certa forma já se refletiu ai no balanço, nas vendas, nos dois primeiros meses do ano. Agora eu queria saber ministro, eu sei que os ministro vem negando, enfim, mas nós estamos a poucos dias ai do final do prazo, que vence o IPI agora no dia 31 de março. Eu queria saber ministro, há alguma orientação por parte do governo para negar essa prorrogação até o prazo final, até o dia 31 de março? Porque conversando, com as autoridades do setor automotivo, todos estão crentes que haverá essa prorrogação. Eu queria saber, se de fato isso vai ocorrer, porque, que o governo não já antecipa, já que nós estamos a poucos dias do final do mês, com relação a prorrogação do IPI?MINISTRO: Como você disse os resultados são muito bons, aliás tem sido bons, toda vez em que nós aplicamos a prorrogação do IPI em caso similares. Nós precisamos avaliar ainda, não só o mês de venda, mas qual foi o impacto que essa prorrogação do IPI ou essa redução do IPI, ou até zerar o IPI em alguns modelos, teve com relação aos impostos. Isso ai ainda não foi feito de maneira completa, nós fizemos nos dois primeiros meses, estamos avaliando agora em março e precisamos saber, porque você sabe, que uma grande parte dos automóveis o IPI foi zerado. Então a arrecadação nesse caso foi a zero. Nós precisamos avaliar quais são os impactos positivos que tem, por exemplo, em relação a emprego etc, para anunciar. Além disso, como todos sabem, você antecipar a prorrogação desse tipo leva a que também se prorrogue a venda. Portanto, não é mesmo para a indústria um bom negócio, você dizer muito antes, que você vai estender um prazo, por exemplo, de redução de impostos. Eu já me manifestei a pouco tempo contra a prorrogação. Agora é uma posição que pode ser revista a qualquer momento. Eu não acredito que nós devamos anunciar antecipadamente uma eventual prorrogação do IPI. RÁDIO JOVEM PAN-SÃO PAULO (SP)/PATRICK SANTOS: eu queria ainda insistir nesse assunto, mas é uma tendência ministro, essa prorrogação?MINISTRO: eu diria que tudo indica que ela possa ocorrer, agora como eu disse, ainda precisa ser tomada uma decisão, inclusive, porque o próprio presidente ainda não decidiu, e quem vai dar a palavra final será ele.RÁDIO GLOBO CULTURA-UBERLÂNDIA (MG)/RODRIGO LIMA: A respeito da crise e a respeito da posição do Brasil na crise, e também das nossas exportações, eu gostaria de questionar o senhor, eu gostaria que o senhor nos explicasse a respeito disso. Qual a posição que o Brasil está tomando e vai tomar diante da crise, como exportador e como importador e quais produtos ou serviços ele importará, ou exportará?MINISTRO: Nós temos tomado medidas em relação a crise, você se lembra que no ano passado, um dos problemas que nós tivemos, aliás todos os países foi exatamente o crédito, por exemplo, para exportações e o financiamento pra exportações. O Banco Central tomou várias medidas que pudessem ajudar os exportadores brasileiros. Nós estamos, esse ano, por exemplo, programando uma série de missões comerciais, para estimular as vendas brasileiras, nós faremos várias missões. Temos ajudado no que é possível os exportadores, eu acho que nós temos tido um resultado bastante bom, reverteu-se aquela situação que nós tivemos em janeiro de déficit na balança comercial. Nós temos tido superávit mês a mês. O superávit já foi bastante razoável em fevereiro, nós continuamos mantendo isto em março. Com relação as importações, nós não tomaremos medidas, porque nós defendemos o livre comércio. As importações brasileiras estão diminuindo por duas razões: primeiro, porque a atividade econômica se reduziu no mundo inteiro, especialmente nos países muito exportadores, e segundo, porque a atividade econômica também se reduziu no Brasil, o que fez com que caíssem de maneira bastante importante as importações, razão pela qual nós temos mantido esse superávit. Nós não tomaremos medidas em relação às importações de protecionismo, nós não impediremos, por exemplo, a não ser que haja casos de concorrência desleal, de se vender produtos abaixo do preço de produção, por exemplo, nós tomaremos medidas dentro das regras da OMC. Mas nós não aplicaremos medidas de contenção de importações que afetem os tratados brasileiros, especialmente as regras da OMC.RÁDIO GLOBO CULTURA-UBERLÂNDIA (MG)/RODRIGO LIMA: Ministro uma outra questão a respeito da construção civil no Brasil o investimento que o presidente Lula, por exemplo, está fazendo com o uso do FGTS, enfim os comentários, que giram em torno da construção civil no Brasil, pode ser ai um dos serviços, ou uma das indústrias, enfim que poderá ajudar o Brasil em toda essa crise. É verdade ministro, existe algum plano para a construção civil, aqui no Brasil, como que está, a que pé anda isso?MINISTRO: É verdade, o plano existe, tanto que ele foi anunciado ontem pelo presidente. Agora eu acredito que tenha um efeito importante, para a indústria, por duas razões, primeiro porque você na construção você importa muito pouco, praticamente tudo que se faz é construído no Brasil, é produzido no Brasil. Nós estamos falando de cimento, estamos falando de telha, tijolos etc. No caso da área de indústria da produção industrial, nós vamos usar nesse Plano Habitacional do governo, muito vidro, muito ferro, muito plástico. Vamos precisar comprar eletrodoméstico para essas famílias que vão comprar a sua primeira casa. Portanto é um programa importante para reativar alavancar a economia. Nós acreditamos muito, participamos de várias discussões, com relação ao Programa de Habitação Popular, esse um milhão de casas ou de residências, nós achamos que isso vai ajudar muito a construção civil e indiretamente de todos os setores envolvidos com a construção civil. RÁDIO BANDNEWS-SALVADOR(BA)/ROBERTA NERI: Quem quiser investir na Bahia, como é que vai ser o acesso a essa desoneração tributária, que foi anunciada, que deve atingir mais de R$ 21 bilhões até 2011?MINISTRO: Nós estamos falando da Desoneração Tributária, imagina que do Programa do nosso Desenvolvimento Produtivo na nossa política industrial não é? É sobre isso do PDP? Isso está à disposição, não só de quem está investindo na Bahia, mas de qualquer outro estado brasileiro, nós temos os fóruns de competitividade que hoje já temos 26 setores e alguns setores inclusive, e algumas empresas importantes instaladas na Bahia, essas desonerações atingem investimentos, impostos, etc. O governo da Bahia tem trabalhado muito próximo do governo federal e do Ministério do Desenvolvimento Industria Comércio Exterior, para investimentos na Bahia. Eu tenho falado frequentemente com o governador Jacques Wagner que tem mantido o ministério informado sobre os novos projetos de investimentos na Bahia, especialmente os grande projetos. Nós estamos trabalhando muito próximo do governo da Bahia nesse projeto. Eu acredito que a Bahia como outros estados do nordeste tem um papel importante a executar nesse programa nosso de desenvolvimento produtivo. RÁDIO BANDNEWS-SALVADOR(BA)/ROBERTA NERI: Com relação a viagens que devem acontecer ainda esse ano, algumas dessas missões comerciais que o senhor fará em outros países, tem algum em especial que traz algum beneficio direto a Bahia que diz respeito a Bahia?MINISTRO: Ainda é difícil a dizer, porque nós temos, por exemplo, viagens programadas para o final do ano e ainda estamos definindo os países. Certamente teria porque pelo menos duas grandes missões serão para países africanos, e em toda viagem que eu tenho feito a África e já foram algumas, visitando muitos países da África a Bahia ela é emblemática nessas visitas a países africanos, há um enorme interesse desses países pela Bahia, pelas raízes que unem os países africanos à Bahia. E eu acredito que teria uma oportunidade importante para a Bahia e para o governo da Bahia até participar dessas missões para poder não atrair investimentos, que não é esse o caso que nós estamos falando, mas de vender produtos feitos no estado da Bahia em países africanos. Acho que há uma oportunidade para o estado nesses casos. RÁDIO CBN-RIO DE JANEIRO (RJ)/SANDRESA CARVALHO: A minha primeira pergunta é o seguinte: Qual critério será usado na escolha dos países a serem visitados pelas missões comerciais brasileiras nesse ano? MINISTRO: O primeiro critério é o critério que já existe de relação comercial entre os países. Qual é o potencial que nós temos no comércio entre esses países? Um país que nós já temos, por exemplo, um fluxo comercial interessante é um país que passa a ter uma certa prioridade, a outra pelas dificuldades de deslocamentos na África, você sabe não há voos comerciais não há linhas regulares, nós tentamos fazer por proximidade geográfica usando para isso o primeiro critério. Por exemplo, nós fizemos uma missão recente a menos de dois meses para o norte da África, fomos para os quatro países do magrebe os países Árabes do norte da África, Líbia, Tunísia, Marrocos e Argélia. Além de serem todos eles países islâmicos países árabes do norte da África eles são vizinhos, isso facilitou a nossa missão e teve efeitos importantes, porque faz com que você otimize muito o tempo de sua missão. RÁDIO CBN-RIO DE JANEIRO (RJ)/SANDRESA CARVALHO: Ministro de que forma o ministério pretende prestar contas do resultado efetivo dessas missões comerciais, por exemplo, a cada missão foram gerados tantos negócios, tanto em divisas. MINISTRO: É uma boa pergunta, porque uma das dificuldades que nós temos é conseguir dos empresários os resultados que eles conseguem nessas missões, é claro que muito desses resultados são estratégicos para as empresas, mas nós não conseguimos até agora fazer com todos empresários que fazem negócios abram essas informações para a gente, eu consigo entender isso. Eu vim da iniciativa privada e é fácil perceber que um empresário, por exemplo, que esteve nessa missão, vou falar dessa missão do norte da da África, por exemplo, que esteve nessa missão e vendeu, isso é um fato real, fez vários contratos pra venda de leite e produtos de lacticínios em alguns países não queira dizer o montante das vendas, como foram feitas essas vendas, porque certamente na próxima missão além dele terá um concorrente para vender. Nós temos tentado obter essas informações um banco de dados sobre isso, mas é difícil. No caso do governo é muito mais fácil, por exemplo, nós tivemos na Líbia tivemos com o primeiro ministro e o vice-primeiro ministro, eles esteve aqui visitando o Brasil três semanas depois isso tem 15 dias, e assinou um contrato conosco, um memorando de entendimento para aplicação de US$ 500 milhões de investimentos líbios no Brasil. Aliás, eu vou me referir até porque eu esqueci desse fato, vou me referir a pergunta da Roberta da Bahia, esses investimentos de US$ 500 milhões do governo líbio são feitos na Bahia e mais interessante ainda em terras para produção de Etanol. Então esse é um resultado efetivo dessa missão. Um outro resultado também conseguido por parte do governo é um contrato para uma obra importante, uma obra viária importante na Argélia, para empresas para construtoras brasileiras, um outro programa de cerca de US$ 500 milhões. Apenas em dois negócios, eu diria se nós podemos chamar assim, o que eu acabei de relatar coordenados pelo governo nós conseguimos US$ 1 bilhão de investimentos US$ 500 milhões para empresas brasileiras a construir na Argélia e de US 500 milhões de investimentos do governo líbio no Brasil. RÁDIO EMISSORA RURAL-PETROLINA(PE)/MARCELO DAMASCENO: O presidente falou tão logo surgiu essa informação de crise nos Estados Unidos de que nós não devemos nos preocupar porque era apenas uma marolinha . Diante de uma cidade como Petrolina aqui no estado ao lado de Juazeiro, que responde por exportações da fruta para o mundo, nós estamos ai também na balança comercial com cerca de 90% dessa participação da exportação de uva e manga, para o senhor ter um exemplo, houve um reaquecimento aqui na nossa região com dez mil empregos diretos ameaçados e comprometidos, inclusive o BNDES sinalizando com empréstimos, junto ao empresariado do agronegócio que é a principal locomotiva econômica aqui da nossa região. E ai o nosso questionamento é o seguinte, qual a tranquilidade que o Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio nos concede do ponto de vista do fomento, do ponto de vista da garantia da linha de crédito e do ponto de vista de que é apenas uma marolinha , ministro. MINISTRO: Eu acho Marcelo, que essa questão marolinha já está na história, é uma coisa que aconteceu a meses, não se trata mais de a gente discutir se é marolinha ou não é marolinha , os fatos comprovaram que não eram. Até porque naquele momento você se lembra em setembro e outubro havia realmente uma marola em vários países, essa crise foi se aprofundando, aprofundando e em determinado momento e até hoje muita gente disse que não sabe se chegou ao fundo do poço. Ela se aprofundou acho que os países reagiram a medida em que a crise se aprofundou, isso aconteceu também no caso do Brasil. Nós acreditamos que eu pessoalmente que o pior já passou, no caso do Brasil. Há vários sinais de que há uma volta da atividade econômica em alguns setores mais do que em outros setores. No caso de Petrolina que é um grande exportador de frutas, como você mesmo disse que há milhares de empregos, você disse que eles estão em risco, se até agora não houve ainda dispensas em massa na região, eu acredito que dificilmente isso ocorrerá. Até porque também já começam aparecer os primeiros sinais ainda muito tênues e muito fracos de volta da atividade econômica em outros países, especialmente nos Estados Unidos as informações de ontem, anteontem dão conta de que há um processo digamos não de reaquecimento, que seria prematuro dizer isso, mas de que teríamos batido no fundo do poço lá e que o movimento começa a voltar, isso ocorre principalmente na construção civil, as vendas aumentaram um pouquinho no último mês. O BNDES, como você citou, e é importante ter citado, tem sido uma instituição muito importante para que nós possamos atenuar os efeitos da crise ao fornecer crédito para as empresas, especialmente para as empresas que estejam investindo, empresas exportadoras como as que estão instaladas no pólo de produção de frutas de Petrolina. Eu acredito que tão logo esse primeiro momento passe completamente e nós começamos a entrar nesse segundo momento, que é de certa recuperação, o movimento de exportação, especialmente de alimentos, que é o caso de Petrolina, começará a reagir de maneira importante.RÁDIO EMISSORA RURAL-PETROLINA(PE)/MARCELO DAMASCENO: Apenas agradecendo a resposta do ministro, e colocando muito enfaticamente, aqui ministro, a expectativa de fazendas e empresários do setor que já começam aí a vislumbrar um novo momento. Já que a safra da uva, nós temos aí uma expectativa para maio agora, e isso, de alguma forma, faz com que o dinheiro circule aqui nas duas cidades, de Petrolina e Juazeiro. E agradecer aí a produção do debate e a expectativa nossa, de uma visita sua, aqui à Petrolina.MINISTRO: É, eu preciso voltar. Faz muito tempo que eu não vou a Petrolina, eu preciso voltar aí. A minha expectativa de que vocês tenham uma boa safra de uva em maio. Que tenha mais do que uma boa safra, uma boa venda da safra a partir de maio.RÁDIO CLUBE FM-CURITIBA (PR)/FLÁVIO KRUGER: A gente sabe que o ministro é integrante do Comitê de Acompanhamento da Crise e agora a pouco, ao nosso colega de Petrolina, o ministro falou que, em relação a crise existem sinais evidentes no Brasil da volta da atividade econômica. Gostaria de saber do ministro quais são estes sinais e o que ainda pode melhorar?MINISTRO: Eu diria que fora a indústria automotiva que é importante. E, você se lembra que em fevereiro nós produzimos. Janeiro foi atípico porque janeiro ainda a indústria precisou vender um enorme estoque que estava acumulado nos meses de novembro e dezembro. Foram cerca de 360 mil veículos que passaram de uma ano para o outro acumulados nos estoques. Então janeiro foi um pouco diferente. Mas, a produção de fevereiro, várias empresas voltaram a chamar os seus funcionários que estavam de férias coletivas, que estavam de licença. E agora em março os números são mais ainda importantes. Em uma região na última segunda-feira, como a indústria automobilística em São Paulo, os cálculos feitos pela indústria é de que nós podemos chegar a, por volta de 250 mil veículos produzidos em março, que são números praticamente iguais aos de março do ano passado, diante da crise. Este é um sinal importante, até pelo efeito que tem na cadeia muito longa da indústria automotiva e em vários outros setores da economia. Além disso, outros resultados, por exemplo, como o varejo, grandes redes de supermercados tem mostrado, tem anunciado. Por exemplo, uma grande rede no nordeste anuncia que deve faturar esse ano 9% a mais que no ano passado. Outra rede que tem uma, digamos, uma capilaridade maior porque ela tem no Sul, Sudeste e também Nordeste, fala em 8% e aumento. Algumas áreas ligadas a construção, por exemplo, também mostrará um aquecimento. Esse plano de habitação lançado ontem pelo presidente, certamente começará também a dar um impulso em vários setores. Nós acreditamos que esses sinais estão acontecendo, eles começam a se refletir na economia. O emprego em fevereiro, nove mil empregos não se pode considerar importante em termos de novos empregos. Mas indica, principalmente ao ocorrer o emprego com os dados do Caged, que nós estabilizamos o processo de dispensas. Agora em março a expectativa, e essa expectativa tem sido confirmada por todos os encontros que a gente tem mantido com setores produtivos, de que deve haver um aumento da mão-de-obra contratada. Esses são sinais importantes que a atividade econômica começa a retornar.RÁDIO CLUBE FM-CURITIBA(PR)/FLÁVIO KRUGER: O que há de bom do Ministério do Desenvolvimento e Indústria e Comércio Exterior, a curto prazo, podemos dizer, neste ano para o estado do Paraná?MINISTRO: Eu acho que como nós vamos falar em cada estado eu precisaria de ter preparado um pacote de bondade um pouquinho para cada estado. Mas é impossível fazer isso. As nossas políticas, são políticas eu diria que atingem todos os estados. Eu tenho uma relação particular com o Paraná, porque eu coordenei a instalação da Volkswagen, em São José dos Pinhais. Eu tenho,portanto, uma relação muito especial com o seu estado. Agora, nós não temos, na nossa Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), ou dentro desse processo que estamos atuando agora no grupo de acompanhamento de crise, nenhuma medida específica para o estado do Paraná. Nós nos reunimos ontem, por exemplo, no ministério com alguns setores, o pessoal do cooperativismo , deputados,inclusive do Paraná que estão trabalhando muito. Nós estamos trabalhando muito próximos com relação ao draw back agregado que é o draw back dos insumos para a produção de carne, de carne de gado, de suínos e ovinos, e que tem um grande interesse no Paraná. Há um grande número de cooperativas no Paraná, e nós estamos trabalhando para que mais rapidamente possível nós possamos colocar em funcionamento o draw back agregado, que é um draw back integrado, que é um draw back que permite que os insumos usados para alimentação dos animais que depois serão abatidos e exportados, não tenham nenhum tipo de imposto. Isto, por exemplo, tem uma importância para o Paraná. Mas também tem uma importância para o paraná e para outros estados produtores e exportadores de carnes processadas.RÁDIO REDE JANGADEIRO FM-FORTALEZA (CE)/ROSANNA AMAZONAS: Uma das apostas do nosso estado para aumentar as exportações é a zona de Processamento de Exportação, a chamada ZPE, ali no porto do Pecém. Inclusive, gestões estaduais têm feito investimentos. Qual é a posição do Governo federal nesse momento de crise para a implantação da ZPEs como alternativas no país?MINISTRO: O Ministério do Desenvolvimento, Indústria a Comércio Exterior é quem coordenará a implantação das ZPEs. Nós temos mais de 50 ZPEs já, projetos de ZPE entregues ao ministério. Nós estamos esperando, já foi aprovado em todas as instâncias do governo ao processo de instalação de ZPEs. Eu acredito que muito brevemente o presidente deverá assinar a regulamentação das ZPEs, e a partir daí nós criaremos a Secretaria Executiva da ZPE no Mistério, começaremos analisar os processos para que essas ZPEs possam começar a se instalar. As ZPEs importantes, uma delas essa do Ceará, em Pecém, que é um dos projetos que estão no Ministério. Nós estamos analisando por enquanto internamente, porque nós não podemos nos antecipar em termos legais. Porque ainda não há autorização para que nós possamos definir essas ZPEs. Mas, certamente esse processo de instalação de zonas de processo de exportação, embora ele seja lento - e eu não acredito que ele tenha um efeito, sobre por exemplo, essa crise em que nós estamos vivendo, eu espero que até que a primeira ZPE possa estar em funcionamento. Quer dizer, que sejam aprovadas, que os investimentos sejam feitos, que as fábricas sejam construídas e comecem a exportar, nós já tenhamos saído da crise. Mas, certamente elas poderão ser um importante processo de desenvolvimento para o País, especialmente para o Nordeste.RÁDIO REDE JANGADEIRO FM-FORTALEZA(CE)/ROSANNA AMAZONAS: O senhor já pode adiantar que impostos serão diminuídos nessa política de desoneração tributária? Aqui no Ceará, por exemplo, nossas indústrias de calçados têm demitido bastante com a crise.MINISTRO: Bem, nós já fizemos várias desonerações, nós já fizemos programas específicos para a indústria de calçados, o programa Vitaliza do BNDES, que tem um financiamento importante para as indústrias se modernizarem em condições muito especiais. No caso de desoneração específica para calçados, não há nenhum programa, por enquanto, no governo, que preveja essas desonerações. É preciso que - eu não sei exatamente qual é a situação da indústria de calçados no Ceará, e sei que houve uma grande transferência de indústrias do sul e do sudeste para o Ceará - eu acredito que teremos que procurar maior competitividade, menores preços. Um dos problemas que a indústria de calçados do Brasil tem enfrentado, não é o problema da desoneração dos produtos, é o problema das exportações. Houve uma grande redução da necessidade de se exportar sapatos e calçados de vários tipos para o mundo todo, o que criou problema para nossas indústrias. Eu acredito que esse processo voltará, quando - esperamos que isso ocorra breve - a atividade econômica em outros lugares do mundo volte e nós possamos voltar a exportar calçados.RÁDIO MEGA 94 FM-CAMPO GRANDE (MS)/EMÍLIA CHACOM: Ministro, aqui no Mato Grosso do Sul, a economia é mais voltada para o agronegócio e desde o início deste ano quatro unidades de frigorífico já fecharam as portas e demitiram mais de 3 mil funcionários. Os donos das empresas alegam que a queda na exportação é o motivo do encerramento dos abates e demissão dos funcionários. Eu queria saber se o Governo Federal tem algum projeto voltado para o Mato Grosso do Sul, em relação à exportação de carne bovina?MINISTRO: Não especificamente para o Mato Grosso do Sul. Nós estamos trabalhando junto com o BNDES num programa que possa nesse momento minimizar os efeitos que a queda na exportação de carne tiveram sobre os frigoríficos brasileiros em todos os lugares. Você sabe bem que nós estamos com problemas com vários frigoríficos. O governo está preocupado com isso e nós temos nos reunido com outras áreas do governo, com o setor, o Luciano Coutinho, presidente do BNDES, tem trabalhado com muito afinco num programa-não é um programa de auxílio- mas num programa que possa resgatar um pouco esse processo com relação aos frigoríficos. Um dos países que nós discutiremos essa exportações- nós teremos agora uma missão conjunta com o Ministério da Agricultura- é a Rússia, que diminuiu muito as compras de carnes brasileiras. Nós teremos nos próximos dias uma missão, eu diria não só uma missão comercial, mas uma missão financeira que é um problema de pagamento dos frigoríficos, o que dificultou mais ainda a vida de nossas empresas. O que nós procuraremos além desse programa do BNDES, que vai procurar dar um fôlego aos frigoríficos, é nessas missões comerciais trabalharmos duro para que possamos vender mais carne para esse país. Por exemplo, no caso que eu citei agora pouco de uma missão comercial para o norte da África e havia um setor de carne e muitos negócios eu sei que foram feitos lá. Também neste caso, é um processo lento, portanto nós teremos que enfrentar esta crise dos frigoríficos com medidas muito pontuais neste momento.RÁDIO MEGA 94 FM-CAMPO GRANDE (MS)/EMÍLIA CHACOM: Ministro, essa relação de dar fôlego aos frigoríficos é também uma possibilidade de liberar mais verba para que eles possam voltar às atividades?MINISTRO: Nós estamos avaliando as várias possibilidades e uma delas pode ser essa. A outra é você, no caso, por exemplo, é ter mais financiamento com maior prazo para exportações nos frigoríficos. É uma das dificuldades que os exportadores estão tendo hoje e isso dificulta muto as exportações e cria problemas especialmente, no caso dos frigorífico porque você tem prazos muito curtos de financiamento com o custo do dinheiro muito alto. Então, nós estamos trabalhando também neste processo e também há outros casos, por exemplo, em que nós estamos trabalhando, pois fomos procurados por frigoríficos, até de nós trabalharmos em fusão de grandes frigoríficos e de médios frigoríficos.RÁDIO CBN-RECIFE (PE)/JOFRE MELO: Ministro, dentro do gancho das missões comerciais previstas pelo Ministério para Colômbia, Peru e Venezuela, seria uma saída para o protecionismo montado pela Argentina, por exemplo, ministro?MINISTRO: Não. Nós fizemos esse planejamento das missões ainda quando nós fizemos a primeira missão para o norte da África. Fizemos o planejamento de várias missões para países da África e países da América do Sul e Latina e com dois critérios específicos: quais são os países nos quais nós temos mais potencial para fazer negócio?Um óbvio é o da proximidade. Durante muitos anos, nós não demos importância aos nossos vizinhos como parceiros comerciais e é óbvio que é muito mais fácil você vender para um país que é seu vizinho do que você ir, por exemplo, para o Oriente Médio, você ir para a Ásia. Claro que são mercados importantes. No caso, por exemplo, da África, você tem países na África que estavam crescendo antes da crise a 18%, 20%, como é o caso da Angola. E são muito próximos ao Brasil, e nós só temos o Atlântico nos separando, é muito mais fácil vender e fazer negócio com os países que estão mais próximos do que com os países que estão mais longe, até por questões logísticas, etc. No caso que você citou, não tem nenhuma relação com a Argentina, até porque esse processo, digamos, de maiores dificuldades para se exportar para a Argentina ocorreu depois que nós já tínhamos definido essa missão. No caso da Venezuela, eu gostaria até de citar o caso da Venezuela. Há cinco anos, nós tínhamos um fluxo de negócios com a Venezuela de cerca de US$ 1 bilhão, quase US$ 500 milhões, US$ 400 milhões de um lado para o outro. Hoje, nós exportamos para a Venezuela cerca de US$ 6 bilhões e isso foi conseguido em cinco anos. É um país que está do nosso lado e para o qual nós não demos importância em termos comerciais durante muito tempo e hoje ele é um parceiro fundamental para o Brasil. Um país no qual você vende US$ 6 bilhões é um país que você precisa visitar, você precisa manter contatos, continuar mantendo os contatos e precisa ajudar os empresários a vender neste país.RÁDIO CBN-RECIFE (PE)/JOFRE MELO: Ministro, dentro do comitê de acompanhamento da crise, de que o senhor faz parte, que medidas estão sendo tomadas especificamente para ajudar os pequenos e médios exportadores brasileiros?MINISTRO: O principal problema deles é com relação ao crédito e o financiamento para exportação. Nós estamos trabalhando com o Banco Central pra que possam as pequenas e médias empresas, inclusive as grandes, consigam mais acesso a financiamentos de exportação e ao financiamento a mais longo prazo. Como eu já disse, as exportações têm sido financiadas em prazos muito curtos e isso cria um problema de estrangulamento financeiro das empresas, o que dificulta as exportações brasileiras. Então, tanto para as pequenas, como para as médias, como para as grandes empresas, nós temos que cuidar e conseguir financiamento com dinheiro mais barato e prazos mais longos.RÁDIO DIFUSORA AM-FRANCA (SP)/ALEX HENRIQUE: Eu queria fazer uma pergunta ao ministro e saber dele sobre ações que o Ministério teria para apoiar o setor de calçados. O nosso município de Franca e as cidades aqui são conhecidas internacionalmente até pela indústria calçadista que vem sofrendo há vários anos com quedas das exportações que são provocadas, ou pela desvalorização do dólar, ou até a concorrência de produtos que vêm do Oriente, principalmente da China. O Ministério propõe ou tem algum estudo para apoiar o setor de calçados que vê a sua situação ainda mais complicada com essa crise internacional?MINISTRO: Você falou em relação ao dólar, hoje nós temos uma situação um pouco diferente de quando nós tivemos um processo muito dramático com relação às exportações de calçados, em que o dólar estava a R$ 1,70 , R$ 1,80. Hoje com o dólar a R$ 2,30 essa situação melhorou com relação não só aos calçados mas quanto aos outros exportadores. O grande problema é que nós fomos pegos no contra-pé com a crise. Não há especificamente para calçados, mas nós temos que trabalhar muito para conseguir a competividade que hoje é preciso ter, como eu já disse, com relação aos financiamentos das exportações. Você citou um caso importante, que são as importações de calçados de outros países. Nós estamos no Ministério avaliando um pedido da ABI calçados, (Associação Brasileira de Indústria de Calçados) um pedido de antidumping com relação aos calçados. Houve um aumento em relação aos calçados nesses últimos três meses que a ABI Calçados considera que se deu por causa de preços desleais que estão sendo praticados por exportadores do exterior para o Brasil. Nós estamos avaliando,é um processo complicado, é um processo grande, porque a Abi Calçados não separou por exemplo, tênis, sapato de couro, calçados de segurança e todos os tipos de calçados estão dentro desse pedido de antidumping pela ABI Calçados. O que nós trabalharemos e temos trabalhado na área de defesa comercial da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério é avaliar se realmente a indústria brasileira está sendo prejudicada por uma concorrência desleal praticada por exportadores de calçados de outros lugares do mundo, especialmente de países asiáticos.RÁDIO DIFUSORA AM-FRANCA (SP)/ALEX HENRIQUE: Eu gostaria de saber do ministro a respeito dos arranjos produtivos locais, que seriam uma espécie de medida que o Ministério teria também para uma solução. Como poderia funcionar esse arranjo produtivo local para socorrer principalmente com aquele pequeno produtor que também se vê apertado com essa situação de crise? MINISTRO: Esse assunto do arranjo produtivo local tem sido discutido nos fóruns de desenvolvimento da politica de desenvolvimento produtivo. O setor de calçados é um dos importantes setores que fazem parte da PDP. E esse assunto tem sido discutido nesse fórum. O problema e eu lamento muito isso, porque é uma politica de desenvolvimento que foi lançada em maio do ano passado e ela foi atingida. Melhor nós termos lançado do que não termos, porque ela tem servido de anteparo para a crise. Infelizmente a crise fez com que essa política tivesse um certo- eu não diria esmorecimento- problemas de você conduzir uma política de desenvolvimento produtivo dentro desse cenário que estamos criando hoje. Têm sido muito importantes as discussões com o setor de calçados dentro da política, especialmente com os arranjos produtivos locais e Franca é um exemplo importante desse processo de discussão.RÁDIO INCONFIDÊNCIA-BELO HORIZONTE (MG)/JÚLIO BARANDA: Tem algumas indústrias no norte de Minas que estão paralisando suas atividades neste momento, justamente por causa da crise. O queê que o governo pode fazer de imediato, para evitar que essa indústrias fechem e também evitar o desemprego nessa situação?MINISTRO: Nós não recebemos nenhuma informação com relação às indústrias do Norte de Minas, eu imagino que sejam indústrias da área incentivada do estado de Minas, da região de Montes Claros e adjacências. Eu gostaria depois, se você pudesse informar ao Ministério que indústrias são essas, para que nós possamos avaliar se há algum tipo de ação que nós possamos fazer com relação às indústrias. Nós não recebemos até agora nenhuma manifestação nem do governo de Minas Gerais, nem de setores específicos nem da Federação das Indústrias de Minas, de que especificamente no Norte de Minas haja problema com empresas que estejam nesse momento com o risco de fechamento e de desemprego. Eu precisaria ser informado disso para que possamos avaliar. Se você puder depois nos informar, seria importante.RÁDIO INCONFIDÊNCIA-BELO HORIZONTE (MG)/JÚLIO BARANDA: Com relação ao IPI sobre os automóveis, o governo pretende estender o prazo da redução?MINISTRO: Nós não deveríamos antecipar, mesmo se houvesse já uma decisão de que o IPI fosse prorrogado, mas nós não deveríamos antecipar isso, porque você faz com que as vendas se esfriem. As pessoas passam a ter a possibilidade de adiar sua venda. E em um processo como esse, em que você dá um determinado benefício, você dá para que estimule a venda de um determinado período. Se você anuncia, com muita antecedência, que esse benefício será estendido, já deveria ter sido feito isso na hora em que ele foi concedido. Então, em vez de fazer por três meses, deveríamos ter feito por quatro. Eu tenho defendido que o IPI não seja prorrogado, antes que nós avaliemos com muito cuidado quais foram os efeitos na arrecadação e no emprego, inclusive, que este benefício do IPI produziu no setor automotivo. RÁDIO RIO MAR-MANAUS (AM)/AMARILDO SILVA: A minha pergunta é relacionada ao Pólo Industrial de Manaus. Na prática, quais os incentivos, ou até mesmo se essa desoneração temporária do IPI sobre automóveis, a mesma poderá ou será estendida para os veículos de duas rodas?MINISTRO: Em princípio, não. Mas uma medida já foi publicada nesta segunda-feira - e eu mesmo assinei porque a Zona Franca está ligada ao Ministério do Desenvolvimento - para ajudar as vendas. Nós já tínhamos zerado o IOF sobre as vendas das motos, exatamente por causa do processo de redução de vendas que houve com as motos produzidas em Manaus. Aliás, só Manaus produz motos no Brasil. Nós assinamos também uma portaria que isenta a produção de motos da taxa de administração do Suframa, que é uma taxa que chega a mais ou menos 3%. E também para fazer com que nós pudéssemos agilizar um pouco a venda de motos. Esse foi um pedido feito pelo setor, numa reunião com o Ministério na semana passada, e muito rapidamente nós reagimos à solicitação, porque consideramos importante. Vamos avaliar nos próximos dias quais foram os efeitos que essa medida teve. É uma redução que não é muito grande, mas numa moto, por exemplo, de valor pequeno, você reduz em R$ 50,00, R$ 60,00, R$ 70,00 no produto. É importante para esse consumidor, que é um consumidor, normalmente, de baixa renda. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Com o aumento sistemático do número de barreiras não automáticas a produtos brasileiros, como pneus, produtos do alumínio, implantadas pela Argentina, como é que o Brasil está atuando para reverter essa situação?MINISTRO: Primeiro, é preciso dizer que, pelas regras da OMC, a Argentina pode implantar as licenças não automáticas, em até 60 dias. Isso é permitido pelas regras da OMC. Portanto, se pode chamar de protecionismo. É permitido pelas regras da OMC, tanto que, até agora, a OMC não se manifestou em relação a isso. Nós temos um parceiro comercial importantíssimo na Argentina. O ano passado, o fluxo comercial entre o Brasil e a Argentina chegou a US$ 30 bilhões. Individualmente, é o nosso segundo maior parceiro. Primeiro, são os Estados Unidos. Portanto nós temos que preservar esse mercado, tanto a Argentina quanto o Brasil devem trabalhar para que se preserve esse processo comercial importante entre os dois países. Tanto que na semana passada, esteve no Brasil a presidente Cristina Kirchner, em São Paulo, acompanhada de quase 500 empresários argentinos para discutir essa integração maior ainda entre o Brasil e a Argentina. Há problemas em alguns setores, como linha branca, vinhos, etc, que foram discutidos ontem, inclusive, na Argentina. Uma missão do Ministério do Desenvolvimento chefiada pelo secretário executivo, Ivan Ramalho, esteve na Argentina ontem também com o secretário do Comércio Exterior, Welber Barral, para discutir com empresários brasileiros, isso é que é importante. O que nós estamos agora não é uma discussão governo a governo, mas nós estamos fazendo com que empresários dos dois países e dos setores interessados dos dois países se sentem para negociar e para resolver os problemas. Os resultados desses encontros ontem foram importantes e importante ainda foi o fato de que ontem, o governo argentino declarou que não há nenhuma mudança no acordo automotivo que nós assinamos recentemente, que é um acordo longo, um acordo para seis anos e que daqui a seis anos permitirá que não haja mais nenhuma cota, não haja nenhuma limitação para a produção de automóveis e para a troca de produtos automobilísticos entre os dois países. Só no comércio de automóveis no ano passado foram US$ 2,5 bilhões indo do Brasil para a Argentina, em produtos automotivos e da Argentina para o Brasil também US$ 2,5 bilhões. Eu acredito que nos próximos dias, os problemas que os empresários brasileiros apontaram com relação a licenças não automáticas com a Argentina estarão resolvidos, porque os próprios empresários brasileiros e os empresários argentinos se reuniram, têm se reunido, e certamente chegarão a um bom termo nessas discussões.APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Desse encontro de ontem então, a principal decisão que saiu foi em relação ao setor automotivo, ou teve outras?MINISTRO: Não teve outras, porque já se fez acordo, já se chegou a discussões, por exemplo, no setor de eletroeletrônico com o setor eletroeletrônico argentino. Já vão começar, começam a ser discutidas cotas entre os dois países. E principalmente uma questão que nós colocamos, já tinha sido feito isso pelo presidente Lula, na conversa que ele teve com a presidente Kirchner. É que nós não podemos, no caso das nossas relações comerciais, permitir que uma eventual dificuldade que haja no comércio entre Brasil e Argentina, que os produtos brasileiros sejam supridos por outros países, especialmente da China. Nós notamos que em alguns setores, em algumas áreas do comércio, a redução das vendas de produtos brasileiros foi acompanhada por um aumento das vendas de produtos chineses. Nós estaríamos sendo substituídos por produtos vindos de terceiros países. É isso que nós precisamos evitar. Nós temos evitado isso em relação ao Brasil com a Argentina e nós esperamos que a Argentina também faça o mesmo com relação ao Brasil.RÁDIO GUARUJÁ-FLORIANÓPOLIS (SC)/IURI GRECCHI: Aqui no sul do país, a situação nas relações inclusive com o comércio exterior da China é ainda mais complicada porque, além da importação de produtos, há também a fuga de empresas do setor de calçados por exemplo, que fecharam fábricas aqui para abrir fábricas na China, dizendo que lá as condições de produção são mais favoráveis. Como é que se pode evitar que isso atinja outros setores além de calçados e têxteis, que foi o que já atingiu especificamente em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, ministro?MINISTRO: Bom, um fator importante e nós temos consciência disso, é por exemplo nós desonerarmos ou reduzirmos muito os impactos dos impostos sobre os investimentos. Países que querem atrair investimentos e querem manter investimentos precisam ter políticas específicas de desoneração desses investimentos. Você sabe que no Brasil, para você instalar uma indústria, você tem um custo de cerca de 20% antes que essa indústria comece a produzir. É nisso que nós estamos trabalhando. O próprio presidente Lula está convencido e ciente de que isso precisa ocorrer. Não é um processo que se faz a muito curto prazo. No caso de Santa Catarina, hoje acho que nós estamos nos concentrando. Eu falava agora a pouco do Paraná, mas nessa reunião de ontem também estava o pessoal de Santa Catarina, sobre a questão ligada aos frigoríficos e à produção de carnes processadas. Nós estamos trabalhando muito para revigorar esse setor, que tem passado por dificuldades e tem perdido pontos importantes na exportação brasileira.RÁDIO GUARUJÁ-FLORIANÓPOLIS (SC)/IURI GRECCHI: Ministro, na Europa existe, inclusive na França agora trazendo todo um movimento popular, em relação a segurar a onda de imigração e garantir o emprego para os próprios franceses. Aqui no Brasil, nós estamos vendo o seguinte fenômeno: as empresas que são criadas, inclusive as multinacionais que têm no estado, o maior problema que acontece é que os cargos mais qualificados, as profissões melhores acabam sendo ocupadas por gente de fora. E aqui a gente ainda, num estado como Santa Catarina, há um grande problema de falta de qualificação, que parece que precisa de uma ação mais integrada ainda do Governo Federal, em todos os ministérios. Existem mais projetos nesse sentido, ministro?MINISTRO: Você disse que os cargos mais qualificados no Brasil são ocupados por estrangeiros, é isso?RÁDIO GUARUJÁ-FLORIANÓPOLIS (SC)/IURI GRECCHI: Sim, exatamente. Eu digo de engenharia, cargos de engenharia, cargos de alta tecnologia. Quando vem a empresa pra cá, como é o caso da GM, que está montando uma indústria aqui na cidade de Joinville, já se sabe que muitos engenheiros já estão vindo de fora, eles nem são contratados aqui.MINISTRO: Nós tivemos um processo de vinda de mão-de-obra estrangeira quando nós estávamos com a economia extremamente aquecida e você via todo dia nos jornais empresas anunciando que elas não conseguiam contratar mão-de-obra porque não havia mão-de-obra disponível no Brasil. É possível que tenha acontecido isso. Pelos dados que eu tenho, porque nós temos um contato muito próximo com o Ministério do Trabalho, não houve nenhum aumento de empregos no Brasil ocupados por profissionais de outros países. Eu acredito que na montagem da fábrica da GM, eu não conheço, precisaria verificar isso e vou fazer isso, é possível que sejam técnicos que estejam trabalhando por um período determinado, para a montagem da fábrica. Conheço a GM, eu trabalhei em multinacional, trabalhei até no setor, trabalhei na Volkswagen muito tempo e na época tinha mais de 30 mil funcionários na Volkswagen, deveria ter uns 10 alemães na Volkswagen. Eu acredito que esse número não deve ter aumentado de lá pra cá. No caso da GM também, são muito poucos os americanos ou de outros países que estão lá, não faz parte do nosso processo a importação de mão-de-obra, a não ser em casos muito específicos, por que nós temos gente muito qualificada em todos os setores para ocupar esses espaços.APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ministro Miguel Jorge, agora a pouco om senhor citou a PDP, que é a Política de Desenvolvimento Produtivo e que está completando agora em março um ano. Ela ainda é considerada uma política de governo viável ou as suas quatro macro metas que foram anunciadas foram esquecidas?MINISTRO: Não. Ela é uma política absurdamente viável, nós estamos trabalhando duro nisso. As metas, que são metas para 2010, continuam válidas e passam a ser mais importantes ainda agora do que eram antes. Eu lembro que quando nós anunciamos a política, uma das críticas que se fazia é que as metas eram muito pequenas, que elas poderiam ser atingidas com muito mais facilidade. Hoje nós teremos, certamente, mais dificuldade para atingir essas metas, mas elas passam a ser mais importantes e mais fundamentais para o país. São as metas de aumento de pequenas empresas exportadoras, do investimento, número de investimento, o aumento de participação nas exportações mundiais. Nós temos essas metas agora quase que como religião.APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: Ministro, acabou nosso tempo, infelizmente. Eu queria agradecer, mais uma vez, a sua participação no programa Bom dia Ministro.MINISTRO: Muito obrigado. Como sempre, foi muito bom participar, até por que nós temos oportunidade, com essa roda pelo Brasil, de conhecer bem quais são as preocupações que passam, que perpassam por esses estados e a gente possa trabalhar melhor nisso. APRESENTADORA KÁTIA SARTÓRIO: E a todos que participaram conosco dessa rede, muito obrigada e até o próximo programa. | |