30/04/09 Ministro do Trabalho avalia que retomada nos níveis de emprego mostra reação diante da crise

Os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que o Brasil foi o último país a começar a perder vagas de emprego e o primeiro a retomar números positivos. A avaliação foi feita pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, durante o programa Bom dia, Ministro, desta quinta-feira, dia 30 de abril. Em março, o saldo do emprego no Brasil já voltou a ser positivo, e a expectativa é que continue crescendo. Saldo em 2008 foi o terceiro melhor da história, com 1,4 milhões de novos postos de trabalho. Medidas do Governo Federal de incentivo à economia como liberação de crédito para habitação, saneamento e mercado automobilístico, foram imprescindíveis para o país contornar a crise econômica que afetou o mercado de trabalho.

30/04/09 Ministro do Trabalho avalia que retomada nos níveis de emprego mostra reação diante da crise

Os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que o Brasil foi o último país a começar a perder vagas de emprego e o primeiro a retomar números positivos. A avaliação foi feita pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, durante o programa Bom dia, Ministro, desta quinta-feira, dia 30 de abril. Em março, o saldo do emprego no Brasil já voltou a ser positivo, e a expectativa é que continue crescendo. Saldo em 2008 foi o terceiro melhor da história, com 1,4 milhões de novos postos de trabalho. Medidas do Governo Federal de incentivo à economia como liberação de crédito para habitação, saneamento e mercado automobilístico, foram imprescindíveis para o país contornar a crise econômica que afetou o mercado de trabalho.

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Publicado em 12/12/2016 18:20

BOM DIA MINISTRO, COM O MINISTRO DO TRABALHO E EMPREGO, CARLOS LUPIAPRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: Na pauta do programa de hoje, a retomada nos níveis de empregos. O ministro vai falar com a gente sobre essa retomada no saldo de empregos no Brasil trazendo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Vai abordar também o Planseq, que é o Plano Setorial de Qualificação e ainda FGTS e FAT. Os números do Caged mostram que o Brasil foi o último país a começar a perder vagas de emprego e o primeiro a retomar os números positivos, saldo em 2008. Foi o terceiro melhor da história com 1,4 milhão vagas 1,4 milhão de novos postos de trabalho. Em março, o saldo do emprego no Brasil já voltou a ser positivo e a expectativa é que continue crescendo. Medidas do governo federal de incentivo à economia, como liberação de crédito para habitação, saneamento e mercado automobilístico foram imprescindíveis para o país contornar a crise econômica que afetou o mercado de trabalho. O ministro do Trabalho Carlos Lupi já está aqui no estúdio e começa agora a conversar com âncora de emissoras de rádio de todo país. RÁDIO JOVEM PAN-SÃO PAULO (SP)/PATRICK SANTOS: Eu queria começar falando sobre o FGTS, o saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, que ficou negativo em R$ 440 milhões no mês passado, mês de março, reflexo aí do claro aumento nas demissões em razões da crise financeira global, que atinge também o Brasil. Eu queria saber do senhor como é que o senhor vê esse número. Se na visão do senhor esse é um mês atípico, um trimestre atípico, digamos assim, ou o Fundo é deficitário. Enfim, queria que o senhor falasse sobre essa questão. MINISTRO: Em primeiro lugar, o saldo de março, como você próprio já afirmou, foi um saldo atípico por causa da decorrência das grandes demissões ocorridas em dezembro, com mais de 650 mil trabalhadores demitidos. O saldo do Caged de contratados e demitidos pela CLT, contrato formal de trabalho e mais 100 mil negativos em janeiro. Isso totalizou quase um universo de 750 mil trabalhadores, perdendo o emprego e o saldo em dois meses. É claro, que até dar entrada, fazer rescisão receber ou retirar o seu Fundo de Garantia ele leva um tempo. Então, ocorreu em março esse fenômeno de ter um saldo negativo de R$ 440 milhões, justamente por causa dessa grande demissão. A média do quadrimestre é altamente positiva. Estamos fechando o mês de abril com cerca de 330 a 340 milhões no positivo, o que vai dar um total do primeiro quadrimestre de mais de R$ 1,650 bilhão de saldo positivo. Apenas março foi negativo em decorrência desse fato de saques maiores relativos às demissões que aconteceram em janeiro. Então, o FGTS é altamente positivo. Tem mais de R$ 200 bilhões em caixa aplicados, é claro, pelos bancos que são agentes operadores. É o principal sistema financiador da construção da casa própria, do setor de infraestrutura, de saneamento. É um Fundo altamente superavitário e é um orgulho para o Brasil, porque poucos países no mundo têm um Fundo do porte do FGTS e que garante após a aposentadoria, numa necessidade de comprar a sua casa própria quando é demitido, um recurso financeiro para o trabalhador sobreviver com mais dignidade. RÁDIO JOVEM PAN-SÃO PAULO (SP)/PATRICK SANTOS: Em que grau será essa recuperação, na visão do senhor? O senhor espera um grau maior de recuperação, por exemplo, no segundo semestre? Que expectativa que o senhor está trabalhando para essa recuperação? Começa muito lenta, mas já é uma sinalização na recuperação dos empregos e que grau que isso deve ocorrer principalmente no segundo semestre desse ano, ministro?MINISTRO: O Brasil tinha muitas pessoas que em dezembro já estavam fazendo a apoteose do apocalipse, anunciando que já estava o mundo acabando e o Brasil também. A gente está mostrando na prática que isso não é verdade. O Brasil tem características muito diferenciadas. Primeiro, é um país continental: quando tem alta safra da produção agrícola, por exemplo, no Sul do país, você tem a entressafra no Nordeste pela grandiosidade do nosso Brasil. Segundo, você tem características diferenciadas de cada estado, você tem um pólo industrial muito forte no eixo São Paulo, Rio e Minas, mas você vê esse pólo industrial crescer em todo Sul do país e agora se inverter também para o Nordeste. Então, por exemplo, em dezembro nós contratamos 800 mil trabalhadores, foi o pior mês da história, e demitimos 1,451 milhão, isso significou um saldo negativo de 651 mil. Já em janeiro, no auge da crise, o mundo todo demitiu, os Estados Unidos demitiram durante o ano de 2008 mais de dois milhões de trabalhadores, o Brasil fechou o ano de 2008 com 1 milhão e 450 mil positivo, ou seja, no auge da crise, o Brasil ainda fechou com saldo positivo e o terceiro maior saldo da sua história. Chega em janeiro começa a inverter. Nós subimos de 800 mil contratações em dezembro para quase 1,2 milhão em janeiro, 400 mil contratações a mais, e as demissões desse ano de 1,450 milhão para 1,301 milhão, então, o saldo ainda foi negativo. Você viu a curva fazer isso. Começa a subir fortemente e eu não conheço nenhuma economia do mundo que na crise consiga contratar mais 400 mil trabalhadores do mês anterior. Já acontece o quê? Em fevereiro, o saldo já foi positivo, suplantou as contratações de um milhão e trezentos e poucas as demissões menos nove mil então, o saldo acabou positivo em nove mil contratações a mais. Março subiu mais 35 mil positivos, abril vai ser mais começamos amanhã a coletar os dados. É bom informar para a população que o Caged, que é o Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados do Brasil é dado concreto, não é pesquisa. Você tem o Dieese, você tem vários institutos que fazem pesquisas nas regiões metropolitanas que fazem pesquisas nas grandes capitais. O Caged não, o Caged é dado concreto das mais de sete milhões e cem mil empresas no Brasil e por lei elas têm que no primeiro dia útil do mês subsequente até o décimo dia útil do mês subsequente mandar e enviar para o Ministério do Trabalho o cadastro de todas as suas contratações. Então, o Caged tem uma fotografia do Brasil. Eu costumo dizer que é o melhor medidor de uma economia. Se está indo bem ou está indo mal. Então, a economia brasileira reagiu bem em fevereiro em março, abril vai ser melhor, nós verificamos que os setores no Brasil que têm uma característica muito direcionada para a exportação. Foi os setores que mais sofreram com o impacto da crise por causa perda do mercado de importação, ao mesmo tempo com a valorização do dólar nós estávamos exportando em setembro com o dólar em sessenta. Hoje o dólar está em 2,20. Então, essa valorização também compensou um pouco a queda. Você vê, por exemplo, o setor calçadista de Franca, São Paulo, está gerando muito emprego. Um ano atrás era um dos setores que mais desempregava. Então, nós temos que ter muita tranquilidade verificar as dimensões continentais do nosso país, a diversidade da nossa economia, nós somos o maior produtor e o maior rebanho de carne de gado do mundo. São mais de 200 milhões de cabeças de gado, nós somos o maior exportador de carne de frango do mundo, nós somos o maior exportador de carne suína do mundo, sem gripe, sem gripe. Então, nós temos uma diversidade, ao mesmo tempo somos maior produtor de soja, ao mesmo tempo o Brasil tem grandes empresas de tecnologia de ponta avançada, como a empresa de fabricação de aviões. Essa realidade brasileira, a solidez dos bancos. Uma reserva cambial, reserva em dólar nos cofres do Banco Central, de mais de R$ 200 bilhões que nunca nós tivemos. A inflação sob controle, o Banco Central baixando três vezes consecutivas as taxas de juros, e o governo investindo em políticas públicas para gerar empregos. Os dois Fundos do Ministério do Trabalho tanto o FGTS que eu já falei como FAT, que é o Fundo de Amparo aos Trabalhadores têm vários recursos investidos um montante muito grande investidos na área de produção e geração de empregos e renda. Isenções, o Brasil vai crescer e esse primeiro semestre já começa a ficar bom, já vai ter um saldo positivo muito bom, e o segundo semestre vai bombar como fala minha filha. Vai crescer mais, e eu lamento dizer aos pessimistas: o Brasil é maior do que todos vocês! RÁDIO CBN CORREIO-JOÃO PESSOA(PB)/LENILSON GUEDES: Eu estava ouvindo o senhor respondendo e falando que a economia do Brasil está crescendo e que o Brasil é um país de características diferenciadas. Como eu sou de uma região pobre, a região do Nordeste, eu queria saber o quê o Cadastro Geral de Empregados tem com relação à região Nordeste.MINISTRO: Tem uma característica especial aí no Nordeste. Primeiro: nós temos alguns estados, por exemplo Pernambuco e Alagoas, que ainda têm a questão do sistema sucroalcooleiro, da cana-de-açúcar e toda a sua produção muito forte. Dezembro e janeiro, eles contratam muito e fevereiro ainda. Quando chegam em março e abril, tem muita demissão. Nós temos, então, por causa do período do ano, da época da sazonalidade, falta de chuvas e entressafra de produção, uma queda - normalmente em fevereiro, março e abril, podendo chegar até maio - do saldo do emprego. Você começa a inverter isso a partir de maio e julho. Por exemplo, aquela característica do nordeste está mudando muito. Você vai na Paraíba, você vê que os grandes centros urbanos estão produzindo muito, a construção civil está crescendo muito. Área de serviços eu vi agora. Eu estive Alagoas, estive depois Maceió, antes em Aracajú, Sergipe. Eu peguei o carro para sair de Aracajú até Alagoas. Até para conhecer. Primeiro: você vê obra em tudo quanto é canto. Você praticamente não vê nenhum terreno vazio. Tem sempre alguma produção. Você vai a Arapiraca e vê um fumo de primeiro mundo. Eu não fumo cigarro e não aconselho ninguém a fumar, mas estou dizendo a questão da produção e do emprego. O Brasil é esse país continental. É claro que nós temos problemas sérios ainda, mas como eu que sou filho de alagoano, neto de alagoano, que frequento o nordeste desde a minha infância, quem vê hoje Maceió, quem vê hoje Aracajú como eu vi, como vi há um mês atrás Campina Grande, João Pessoa, você vê o crescimento do nordeste brasileiro. Você que os estados do nordeste estão dando nova configuração ao Brasil. Então, nós temos que ver essa realidade. É claro, é óbvio que não é ainda aquilo que a gente gostaria que fosse como exemplo para o mundo de crescimento da economia, de justiça social. Mas quem compara o Brasil de hoje ao Brasil de 10 anos atrás e busca ter razoabilidade e justiça, vê que avançamos muito, principalmente no nordeste brasileiro. RÁDIO CBN CORREIO-JOÃO PESSOA(PB)/LENILSON GUEDES: Como preparar o trabalhador para ingressar no mercado de trabalho, como qualificar essa mão-de-obra?MINISTRO: Esse é o principal desafio. Eu penso que a qualificação profissional é uma espécie de educação para o trabalhador para o mercado de trabalho moderno. Nós temos investido muito nesta área. Ontem mesmo, anunciei no Ministério do Trabalho uma parceria com o Dieese, uma espécie de radiografia geral de todo o Ministério do Trabalho, com todos os programas na área de qualificação, na área de projeto, que são os programas para geração de renda de pequenas empresas; área de Pró-Jovem, que são especificamente o programa de qualificação da juventude, o FGTS, o FAT, um balanço do Ministério, aliás eu ia pedir à minha assessoria que mandasse para todas as rádios isso, porque é importante vocês terem esses dados, está no site do ministério à disposição de todos. Nós estamos investindo muito nessa área, nós aumentamos muito os recursos para a área de qualificação. Esse ano, eu penso em fechar com mais de R$ 1 milhão de trabalhadores, entre jovens e mais maduros, sendo qualificados pelo Ministério do Trabalho e eu acho que essa é a principal diferença. O trabalhador tem que se conscientizar que ele não pode mais ter apenas uma especialização. Ele não pode apenas ter uma única função. Ele tem que buscar ter mais capacitação, mais do que uma habilidade, para conseguir com mais facilidade seu emprego. Eu dou como exemplo o setor que eu falei que é o setor sucroalccoleiro, ele está ficando muito mecanizado. Cada trator daquele, cada máquina agrícola daquela deve substituir 50, 100 trabalhadores. Se aquele trabalhador não treinar, por exemplo, para saber mecher naquelas máquinas, ele está desempregado. Nós temos que ter um processo de crescimento e a qualificação profissional é o principal eixo para o trabalhador estar preparado para o emprego que está surgindo.APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: O Anuário do Sistema Público de Emprego, Trabalho e Renda, divulgado pelo Ministério mostra que a qualificação profissional continua sendo um grande desafio para quem está desempregado. Olha, isso é vital para o trabalhador não é, ministro?MINISTRO: Nós, no ano de 2008, tivemos cerca de quatro milhões ou 4,2 milhões de trabalhadores inscritos nos Sine. O que é o Sine? São aqueles sistemas nacionais de emprego que temos em convênio com o estado com o município, onde o trabalhador vai tentar colocar o cadastro dele para conseguir emprego e onde as empresas colocam a sua oferta de emprego. Mais de 4 milhões ou 4,2 milhões de trabalhadores foram buscar emprego. Tínhamos cerca de 2 milhões de vagas ofertadas, praticamente a metade estaria empregada. Só que 900 mil empregos ofertados, postos de trabalho ofertados não foram ocupados nessas vagas por falta de qualificação profissional. Olha só, que absurdo! As pessoas procurando emprego, o emprego existindo, mas as pessoas não tendo qualificação profissional para esse emprego. Essa é a prova concreta da necessidade que nós temos de investir pesado na qualificação. Por isso, nós temos feito bastante parcerias com os estados, com municípios, fazendo um trabalho coordenado para gente buscar o foco onde tem necessidade, onde o emprego está surgindo, e o treinamento dos trabalhadores, para que ele consiga esse emprego que está aparecendo.RÁDIO PLANETA DIÁRIO-SÃO JOSÉ DOS CAMPOS(SP)/ANTÔNIO LEITE: O salário-mínimo, quando que vai vigorar um aumento e de quanto, de verdade? MINISTRO: Nós já tivemos um aumento agora a partir do dia 1º de fevereiro. O salário-mínimo era de R$ 415 e passou para R$ 465. Só para você ter uma idéia, nós tivemos de janeiro de 2003 até agora, amanhã, 1º de maio, um aumento real do salário-mínimo de 62%. Esse é o principal foco motivador do aquecimento no mercado de trabalho interno. O salário-mínimo valia em torno de U$80 ou U$82 dólares e hoje vale em torno de U$200 dólares. É o ideal? Não. Tenho plena consciência disso, mas você vê que tem um avanço, você vê que a população está começando a conseguir comprar um pouquinho mais, está conseguindo melhorar um pouco as suas condições de vida. Isso é por quê? Porque a política do salário-mínimo adotada pelo presidente Lula é de dar a taxa da inflação do ano anterior, mais o crescimento da economia, do PIB. Então isso por lei dá um crescimento real do salário-mínimo ao longo dos anos, então a partir do ano que vem já vai a partir de janeiro. Todo ano agora o aumento do salário-mínimo vai ser a partir do dia 1º de janeiro, tendo como referência o quê? A inflação do ano anterior mais o crescimento da economia, mais o PIB nacional. Isso está fazendo com que o Brasil consiga avançar e fortaleça seu mercado interno.RÁDIO PLANETA DIÁRIO-SÃO JOSÉ DOS CAMPOS(SP)/ANTÔNIO LEITE: O senhor acredita que o Brasil vá vencer a crise do emprego?MINISTRO: O Brasil já está vencendo. Eu sou um otimista convicto. Para quem como eu, trabalhou desde garoto, arrimo de família, veio do nada, chega a ser ministro, tem que ser otimista. Eu tenho que acreditar na vida e o Brasil tem condições que os outros países do mundo não têm. As condições de clima, nós temos 20% da água doce, da água potável do mundo. Nós temos um território fértil, nós temos tipos de colheitas que dão duas, três ou quatro colheitas ao ano. Nós temos uma diversificação da nossa economia. Tem estados com a característica da área de serviço, de turismo que também têm indústria, tem estados com característica de indústria que também têm serviço. O mundo todo reclamando da falta de petróleo e a cada dia a Petrobras descobre mais petróleo. Além disso, nós somos o primeiro país, nós somos vanguarda na produção do etanol, então as características do Brasil me fazem ser otimista: o Brasil vai crescer bem este ano. Nosso crescimento do PIB vai ser de mais de 2%. Pode escrever aí que os economistas vão me xingar a partir de amanhã, mas eu adoro provocar. O crescimento da economia vai ser de mais de 2%, porque o Brasil já saiu da crise antes que todos os outros países e ao longo do meses vocês vão verificar isso. RÁDIO 96 FM-ARAPIRACA (AL)/JOSÉ ROCHA: Como é do conhecimento de todo mundo, o Ministério tem como meta qualificar agora em 2009 cerca de 200 mil trabalhadores pelo Plano Setorial de Qualificação. A gente sabe que é um dos problemas sérios e crônicos aqui no Brasil essa questão da qualificação profissional e se é sério no Brasil, muito mais aqui na região nordestina, então eu pergunto ao nosso Ministro: há alguma preocupação especial - eu diria uma prioridade - quando se trata da região nordestina, ministro?MINISTRO: Com certeza, José. Eu primeiro quero saudar o povo de Arapiraca, passei aí há duas semanas atrás de carro e vi a indústria do fumo. Arapiraca é um modelo de indústria do fumo para o mundo. O fumo de Arapiraca, que abastece hoje o mundo todo, que é de primeiro mundo. Vi lá a BR-101 sendo duplicada, é claro que ainda falta muito, mas eu vi que essa região está crescendo. Para quem esteve aí há mais de 10 anos atrás e visitou a Arapiraca como eu visitei agora, verifica que está crescendo. Eu penso que isso que você fala dos Planos de Qualificação, esses 200 mil só são direcionados para a qualificação profissional dos beneficiários do Bolsa Família, especificamente o programa para a área de construção civil, onde a gente está buscando beneficiar aquele cidadão, cidadã das famílias que estão vinculadas ao Bolsa Família, para quê? Para dar cidadania a eles. Para dar condições de eles obterem um emprego. Num total, em todos os programas diretos do Ministério e mais os programas conveniados com estados e municípios, são mais de um milhão de trabalhadores, trabalhadoras, jovens que terão cursos de capacitação, especificamente aí na nossa região nordeste, esse Bolsa Família programa voltado Planseq - Plano Setorial de Qualificação para a construção civil direcionado para o beneficiado do Bolsa Família é dos maiores, em Alagoas, em Pernambuco, porque ele é direcionado para a carência, para onde mais necessita, com certeza Alagoas é um dos mais beneficiados com este programa. RÁDIO TUPI-RIO DE JANEIRO (RJ)/TIAGO MATIAS: No mês de março o fechamento de postos de trabalho foi mais intenso no comércio, com corte de 145 mil vagas. O que o governo pretende fazer para evitar mais demissões neste setor?MINISTRO: O setor de comércio tem um grande crescimento nos meses agosto, setembro, outubro e novembro, chega em dezembro começa a cair, porque você tem as altas compras e vendas no período de final de ano e depois tem janeiro, fevereiro e março meses onde há uma queda nessas contas, mas já começou a recuperar, em alguns setores bem. O saldo de março geral da área de contratações foi positivo nos contratamos 35 mil trabalhadores a mais do que demitidos. Então, esse processo está se invertendo em áreas de comércio o Rio de Janeiro é muito forte e está voltando a crescer já agora no mês de abril. APRESENTADOR LUCIANO SEIXAS: Falamos no início que o Caged registrava que o Brasil tinha sido o último país a perder vagas de emprego. A que o senhor atribui a esse fato?MINISTRO: Às características peculiares da nação brasileira, da economia brasileira, a sua diversificação, aqui nós temos vários brasis, você tem o Centro-Oeste onde nós estamos, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, a própria Brasília, que aqui já é mais focada na área de serviço e de servidor público crescendo muito, por causa da alta safra, que agora em abril praticamente começa a fechar. Então, esse Brasil tem uma característica que faz com que na crise fosse último país a entrar. Nós tivemos uma queda em novembro de 40 mil postos de trabalho e em dezembro esse número que foi muito grande de mais de 650 mil. Já começou a cair em janeiro e fevereiro começou a crescer e em março começou a crescer... concretizando aquilo que eu já firmava em dezembro. Essas características do Brasil, essas características da nossa economia, solidez do sistema financeiro, a inflação sob controle, todas as categorias profissionais tendo ganho real, todas acima da inflação do período, isso fez um mercado interno muito forte. Alguns setores focados mais na exportação foram mais afetados, mas esses setores começam a reverter, por exemplo, a China voltou a comprar minérios de ferro, minérios de aço, o Japão também, os Estados Unidos também. O sistema de exportação brasileiro teve uma queda no seu volume de exportação, mas caiu mais a importação, então o saldo continuou positivo, então o Brasil tem características que me permitem afirmar com tranquilidade que nós somos o primeiro país a sair da crise. RÁDIO NACIONAL DA AMAZÔNIA-MANAUS (AM)/BETH BEGONHA: Eu queria que nós fizéssemos um foco agora na nossa região norte e fizéssemos uma união entre o Ministério do senhor e em todas as questões relativas ao trabalho com a questão regional, para saber a interface desse trabalho do Senhor na nossa região. Nós lá temos um maior número de casos de trabalho escravo, nós temos muitos problemas com a questão da educação, que vai necessariamente interferir na colocação dessas pessoas no mercado de trabalho. Como é que o ministério tem focado especialmente para aquela região, também buscando desenvolver as atividades tradicionais, para que a gente possa diminuir essas desigualdades e não ver mais acontecer casos de trabalho escravo que têm sido recorrentes e todas as demais dificuldades, que vão além do normal para as pessoas que vivem na região amazônica?MINSITRO: Eu, para poder responder com muita tranquilidade tudo, levaria a um Bom dia, ministro inteiro. Então, eu vou tentar resumir se eu conseguir ter essa capacidade de sintase. Primeiro a questão da verdade que você falou de ser, por exemplo, o estado do Pará especificamente o estado onde nós verificamos a maior incidência de trabalho análogo ao escravo e estamos trabalhando firme nisso. As nossas equipes móveis do ministério do Trabalho, com apoio da Polícia Federal, do Ministério Público, muitas das vezes acompanhadas por organizações não governamentais, a OAB, o governo do estado, nós criamos aí em janeiro o chamado marco zero: é onde o estado substitui o 'zangão', o intermediador, o atravessador da mão de obra que é o principal foco. O que está acontecendo aí nas fazenda no interior do Pará principalmente? Eles colocam os caminhões coletando a mão-de-obra que está lá desempregada, que está lá sofrida e praticamente levam esse trabalhador na boleia do caminhão, na carroceria do caminhão para ganhar a comida e o pior: chega no final mês, além de não ter condições nenhuma de higiene, às vezes tendo que andar duas, três horas num sol escaldante, sem ter local de dormitório decente, sem ter higiene, tomando a água onde corre todo o esgoto, ele troca a comida pelo trabalho e fica devendo no final do mês porque ele compra comida do próprio dono da fazenda, que vende e ele termina o mês de trabalho devendo para o mês seguinte. Essa realidade você não muda de um dia para o outro. Nós lançamos em janeiro, com um apoio dos quatro governadores, inclusive do Mato Grosso, Maranhão que está na divisória, nordeste e norte, Pará e Piauí também está alí, o Piauí e Maranhão são os maiores fornecedores dessa mão de obra. O Pará é o maior receptador, depois o Mato Grosso. Nós começamos em janeiro esse marco zero que significa fazer uma ação direta de educação, de informação, de intermediação, entre o trabalhador que precisa de um emprego e as fazendas que precisam do trabalhador para fazer uma coisa legal, educativa ao lado disso ...----- PARTE 5 ----------... mas da comida ninguém vai abrir mão e a carne brasileira hoje é considerada se não a melhor, das melhores do mundo e eu tenho certeza que já em abril começamos a recuperar e vamos viver agora, a partir do segundo semestre, momentos muito melhores na área do agronegócio e do setor frigorifico.RÁDIO CULTURA-CAMPO GRANDE(MT)/EMÍLIA CHACOM: Houve realmente uma retomada já de empregos em relação aos frigorificos daqui de Mato Grosso do Sul, tanto que em um frigorifico aqui do estado está previsto para voltarem as atividades ainda neste mês. Os outros trabalhadores que ainda não voltaram ainda ao trabalho vão receber pelo governo federal algum amparo? O governo federal está pensando em fazer algum amparo para estes trabalhores que ainda não voltaram para estes frigorificos?MINISTRO: Todos os trabalhores que foram demitidos e trabalharam pelo menos durante trinta dias no ano anterior, já têm direito ao seguro desemprego. O que me foi solicitado pelas centrais sindicais e eu estou trabalhando para tecnicamente ter a solução perfeita é a ampliação desse seguro desemprego. O desemprego varia de três a cinco meses por trabalhador conforme o tempo de serviço, conforme o salário dele. Há uma solicitação para essa área, eu acho justa, mas eu não posso simplesmente achar justa sem ter critério. O Ministério do Trabalho, através do Codefat (Conselho de Amparo Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador) está estudando a forma legal para ampliar, para esses trabalahores demitidos da área frigorifica, de três para no mínimo cinco e no máximo sete parcelas de seguro desemprego.RÁDIO JORNAL DO COMÉRCIO-RECIFE(PE)/WAGNER GOMES: Já é inegavel que o mercado do trabalho recebe as consequencias da crise financeira, o contingente de desempregados atingiu em março passado cerca de 2 milhões de pessoas e a taxa de desocupação do IBGE, divulgada semana passada, avançou pelo terceiro mês consecutivo para o patamar mais alto desde de setembro de 2007, ficando em 9%. O rendimento médio real dos trabalhadores caiu 0,2% em março, ante fevereiro e subiu 5% na comparação com março do ano passado. Regionalmente, nós temos observado a variação muito forte aqui na região metropolitana do Recife, de 17,2% em relação ao mês anterior e fica evidente que a crise já faz parte da nossa realidade aqui no Nordeste também. O senhor acredita que há como reverter esse quadro negativo ainda neste ano de 2009?MINISTRO: Esses dados que você fala, são dados do IBGE, que mede apenas os grandes centros urbanos, não mede, como mede o Caged, os dados de todo o Brasil. Os dados você tem que analisar sob a ótica de qual é o motivador que faz com que ele seja feito. O motivador do IBGE são pesquisas feitas nas regiões metropolitanas. O motivador do Cadastro geral do Ministério do Trabalho e Emprego são dados concretos das mais de 7,1 milhões empresas, isso faz uma grande diferença, porque você não considerando o interior do Brasil, você não conhece a realidade brasileira, primeiro ponto. Segundo ponto, nós temos em Pernambuco especificamente, nos meses de fevereiro e de março, um momento da entresafra do setor sucroalcooleiro, o desemprego acontecido em Pernambuco em fevereiro e março, 90% foi originado pelo setor sucroalcooleiro, toda cadeia produtiva desde a colheita da cana-de-açúcar até o setor alimentício da produção do próprio açúcar e dos derivados alimentícios que a cana dá. Por exemplo, o setor da construção civil da crescendo, por exemplo o setor de serviço tá crescendo, abril já começa a retomar, então nós temos que analisar com muita tranquilidade, nós não podemos levar alarmismo nem otimismo demais e nem pessimismo demais às pessoas. Nós temos que avaliar o Brasil real. Pernambuco é um dos estados da federação que mais investimentos o governo federal fez, você vê Recife crescendo, você vê a Grande Recife crescendo, você vê investimentos setor naval, que nunca teve na história de Pernambuco. Melhorou muito a média salarial do pernambucano. Eu sou otimista porque eu estou vendo um Brasil real, eu não me baseio apenas nos grandes centros urbanos e estou vendo o Brasil como um todo. O Brasil do interior cresce muito. O Brasil está mostrando ao mundo que ele tem uma diversidade que poucos países têm. Por isso eu penso que nós vamos viver momentos melhores. Estamos saindo da entresafra do setor sucroalcooleiro tanto aí em Pernambuco e Alagoas, que têm um peso muito forte, eu não tô falando isso como opinião, eu tenho dados, dados concretos das empresas sobre isso. A área de serviço tá melhorando, a área de construção tá melhorando, toda essa cadeia produtiva saindo da entresafra começa a melhorar e eu tenho certeza que Pernambuco será dos estados que mais crescimento vai dar na geração de emprego e na economia do nosso Brasil.RÁDIO JORNAL DO COMÉRCIO-RECIFE(PE)/WAGNER GOMES: O senhor disse que dados do IBGE refletem somente dados das regiões metropolitanas, de fato ministro, mas acontece que o Ipea está divulgando um dado hoje, informando que o fechamento de postos de trabalho em decorrência da crise foi maior nas cidades do interior do que nas grandes cidades do país ministro.MINISTRO: Não é real Wagner: nos dados que o IBGE faz não consistem os dados do interior do Brasil. Eu estou à disposição, se você entrar na página do Ministério do Trabalho e Emprego, www.mte.gov.br, você entra: Caged, você vai ter o retrato do Brasil estado por estado, municipio por município, onde contratou, onde demitiu. Eu repito: o Ministério do Trabalho não faz pesquisa, o Ministério do Trabalho coleta dados reais da economia brasileira. Segundo, uma coisa é você medir, o trabalhador, a idade, a faixa etária do trabalhador que está apto para trabalhar que é a medição que o IBGE faz para considerar o índice de desemprego. Outra coisa é você medir o Brasil real das pessoas que estão procurando emprego, que é o que o Ministério do Trabalho mede para saber os índices de desemprego. Nós estamos em torno de sete e meio da população que busca emprego, como desempregado no Brasil se mantém no mesmo nível, estamos revertendo esse índice, o mundo todo agora no mês de março, Estados Unidos por exemplo demitiu 450 mil trabalhadores. Todos os países emergentes demitiram, o Brasil cresceu 35 mil. Eu trabalho com esses dados reais, não é pesquisa, não é simpatia, não é antipatia, é fotografia do Brasil que está online à disposição de todos os trabalhadores brasileiros, de todos que gostem ou não gostem do nosso governo, abrindo a página do Ministério.RÁDIO GAUCHA-PORTO ALEGRE (RS)/LEANDRO STAUDT: A gente já percebe na economia interna do Brasil alguns sinais de reação: é o setor de veículos, agora o setor das geladeiras, fogões, os dados dos supermercados também são positivos em relação ao crescimento de vendas, mas há um problema ainda bastante grande com relação ao comercio exterior, afinal a demanda em todo o mundo diminui por produtos e o Brasil também está vendendo menos. De que forma o Ministério está trabalhando e qual a preocupação, o quê pode ser feito, assim como já foi feito para o mercado interno, por exemplo pelo setor de veículos para se recuperar empregos no setor exportador? É o caso do Rio Grande do Sul, da indústria calçadista, do setor do fumo.MINISTRO: Esse é o foco verdadeiro: o grande problema da crise no Brasil é o mercado externo, é a exportação. Nós somos um país de grande potencial de exportação, desde avião até alimentos, até soja, até feijão, até claro o setor frigorifico e de calçados, esse setor teve uma grande queda, em muitos setores com uma queda assim muito forte. É claro que nós não podemos mudar a realidade do mundo. Nós temos que trabalhar para melhorar o mercado interno, compensar ou buscar compensar essa perda da exportação com o mercado interno. Mas tem alguns fatores que estão nos ajudando. Por exemplo e eu repito, pelo lado negativo, a valorização do dólar tem a negatividade de que a gente está importando os produtos mais caros, mas tem a positividade de que mesmo vendendo menos, valorizou-se muito os produtos brasileiros. Nós estávamos vendendo por exemplo em setembro com dólar a R$ 1,60, hoje nós estamos exportando a R$ 2,20. Está vendendo menos? Está. Mas a perda foi menor, por causa da recuperação do valor do dólar. Ponto um. Ponto dois: começa a ter reações no mundo: a China está reagindo, o próprio Estados Unidos começou a dar uma movimentação de reação. Alimento, a população não pode ficar sem. Eu ouso sempre afirmar que o Brasil iria - e já aconteceu - ser o primeiro país a sair da crise a partir de março, porque eu estou vendo essa realidade brasileira, eu não dou palpite, eu não estou fazendo pesquisa, eu estou cruzando as informações, eu estou vendo que o governo brasileiro está tomando medidas setoriais, isentando, incentivando, o setor do agronegócio, são R$ 10 bilhões à disposição, para que eles consigam superar esses momentos de dificuldade, principalmente para a falta de capital de giro. Então nós estamos trabalhando, ainda temos, você tem razão, no setor de exportação, problemas graves a serem resolvidos, mas eu penso que nós vamos ter momentos muito melhores, já a partir desse abril.