11/03/2016 - Brasil em Pauta esclarece dúvidas sobre Zika Vírus e combate ao Aedes aegypti

O diretor de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Claudio Maierovitch, foi o convidado do programa Brasil em Pauta desta sexta-feira (11), que foi ao ar das 8h às 8h30. Na pauta, dúvidas sobre o Zika Vírus e combate ao mosquito Aedes aegypti, que também transmite a dengue e a febre chikungunya. O programa, que tem a participação de radialistas de todo o País, é produzido e coordenado pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República e será transmitido, ao vivo, pela TV NBR e via satélite de rádio por meio do mesmo canal de A Voz do Brasil.

11/03/2016 - Brasil em Pauta esclarece dúvidas sobre Zika Vírus e combate ao Aedes aegypti

O diretor de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Claudio Maierovitch, foi o convidado do programa Brasil em Pauta desta sexta-feira (11), que foi ao ar das 8h às 8h30. Na pauta, dúvidas sobre o Zika Vírus e combate ao mosquito Aedes aegypti, que também transmite a dengue e a febre chikungunya. O programa, que tem a participação de radialistas de todo o País, é produzido e coordenado pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República e será transmitido, ao vivo, pela TV NBR e via satélite de rádio por meio do mesmo canal de A Voz do Brasil.

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Publicado em 12/12/2016 17:03

APRESENTADOR ROBERTO CAMARGO: Olá, amigos de todo o Brasil, começa agora mais uma edição do Brasil em Pauta, programa que tem a realização da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. Eu sou Roberto Camargo e recebo hoje aqui no estúdio o diretor de vigilância das doenças transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch. Bom dia, diretor. Seja muito bem-vindo.



SR. CLÁUDIO MAIEROVITCH: Bom dia, Roberto, bom dia à sua audiência, a todos que nos acompanham aqui.



APRESENTADOR ROBERTO CAMARGO: O nosso convidado vai responder as dúvidas sobre o vírus Zika é o combate ao mosquito Aedes Aegypti, que também causa a Dengue e a febre Chikungunya. O diretor Cláudio Maierovitch vai conversar com radialistas de todo país, nesse programa que vai ao ar via satélite pelo mesmo canal de a Voz do Brasil e que também é transmitido ao vivo pela TV NBR. Diretor, para nós começarmos eu gostaria de repercutir com o senhor o anúncio que foi feito ontem pelo Ministério da Saúde de liberação de recursos na ordem de dez milhões de reais para estudos relacionados ao vírus Zika, ao Aedes Aegypti, o que senhor pode detalhar em relação a isso, diretor?



SR. CLÁUDIO MAIEROVITCH: Este é um momento que é muito importante investir em pesquisa, investir em novos desenvolvimentos que porque nós estamos face a uma nova ameaça, a um fato praticamente desconhecido pela ciência que é relação do vírus Zika com a microcefalia. Então, esse recurso vai ser muito importante, no caso, para a Fundação Osvaldo Cruz, que é uma importante instituição pertencente ao Ministério da Saúde, fazer as suas próprias pesquisas em parceria com a diversas instituições e também apostar no desenvolvimento de uma vacina, o que também é feito em parceria com colaboradores dos Estados Unidos.



APRESENTADOR ROBERTO CAMARGO: E sendo esse recurso destinado à Fiocruz, é possível que ela também estabeleça parceria com outros institutos de pesquisa do país, como que funciona, a Fiocruz ela é como se fosse a referência principal, mas existem outros órgãos fazendo estudos nessa área no país?!



SR. CLÁUDIO MAIEROVITCH: Exatamente. O Brasil, ele é muito amplo em instituições de pesquisa, especialmente as instituições públicas de pesquisa, diversos grupos têm pesquisado, tem estudado o vírus Zika, tem estudado formas de diagnóstico, de prevenção, de acompanhamento, mas a Fiocruz é a nossa grande instituição, ela é praticamente a cabeça de rede que coordena boa parte dessas pesquisas, que procura colocar pesquisadores uns em contato com os outros e apoiar a nossa rede de atendimento à saúde, especialmente no que refere ao diagnóstico das doenças.



APRESENTADOR ROBERTO CAMARGO: Agora, diretor, há poucos dias a diretora geral da Organização Mundial da Saúde esteve no Brasil e elogiou os esforços brasileiros no combate ao mosquito, no enfrentamento a essas doenças e o Brasil inclusive é pioneiro nessa relação estabelecida entre o vírus Zika e a microcefalia, como o senhor avalia esse protagonismo brasileiro nessa questão?



SR. CLÁUDIO MAIEROVITCH: Bom, o Brasil, por uma circunstância triste, foi o primeiro que constatou que havia uma relação entre a infecção pelo vírus Zika que ocorreu no primeiro semestre de 2015 no país e o nascimento de crianças com microcefalia na metade do segundo semestre de 2015, ou seja, meses de diferença entre um acontecimento e outro, explicado pelo fato de que a infecção, durante o início da gravidez, produz o problema que é constatado quando a criança nasce. Em epidemias anteriores, isso não tinha sido observado ainda, foram profissionais especialmente do estado do Pernambuco, profissionais brasileiros, que começaram a observar este aumento de ocorrência e foi possível fazer a relação entre as duas coisas. Atualmente o mundo inteiro está preocupado com isso, mesmo quem ainda não constatou a existência do problema, está tentando se preparar para essa possibilidade.



APRESENTADOR ROBERTO CAMARGO: E além das iniciativas internas aqui no país, essa comunicação com todos os outros países que tem a preocupação com a doença, é muito importante para cruzar as informações, né, e o Brasil tem buscado essa cooperação internacional, o senhor mesmo tem participado muitas vezes de teleconferências, como que é essa articulação das informações, do conhecimento, das medidas entre os países do mundo todo, diretor?



SR. CLÁUDIO MAIEROVITCH: A própria visita da diretora geral da Organização Mundial da Saúde, ela mostra o interesse que existe no mundo inteiro hoje em relação ao que está aconteço no Brasil, então existe uma abertura enorme de instituições de pesquisa, instituições governamentais de todos os países, praticamente, da faixa tropical e da faixa sub tropical do mundo, que são aqueles países que podem ter infecções relacionadas à mosquitos, principalmente ao mosquito Aedes aegypti, em busca de conhecimento e oferecendo possibilidades de cooperação. Nós já temos cooperações em andamento com pessoal em campo, com material em laboratório, com o Centro de Prevenção e Controle de Doenças norte americana, o CDC, com o Instituto Pasteur, do Senegal, que é ligado ao Instituto Pasteur de Paris também, e a cada momento tem se ampliado não só a oportunidade, mas necessidade de cooperações que possam acelerar o processo de desenvolvimento de métodos para um diagnóstico melhor das doenças e principalmente para possibilidade futura de desenvolvimento de vacinas.



APRESENTADOR ROBERTO CAMARGO: Muito bem. Secretário, desculpe, diretor, nós vamos começar aqui nosso giro pelo país, pelo Rio Grande do Sul. Nós já temos a primeira rádio que vai dirigir a pergunta ao senhor. É a Rádio FM Cultura, de Porto Alegre, e quem vai fazer a pergunta é a Mariana Baierlr. Olá, Mariana, muito bom dia a você.



REPÓRTER MARIANA BAIERLR (Rádio FM Cultura/Porto Alegre - RS): Olá, muito bom dia, bom dia ouvintes. A minha pergunta vai no sentido da relação do Zika vírus com o saneamento básico, e o Brasil tem a meta de universalização de saneamento básico até 2050, mas as pesquisas indicam que provavelmente o Brasil não vai conseguir cumprir essa meta. Então, minha pergunta é nesse sentido, se as políticas públicas de saúde estão atentas à questão do saneamento básico e de que forma o Zika vírus está relacionado também a locais com menor índice de saneamento básico.



SR. CLÁUDIO MAIEROVITCH: Bom dia, Mariana. Bom dia aos ouvintes de Porto Alegre, de todo país, na verdade, este é um país que não afeta um estado, mas afeta o Brasil inteiro. O saneamento básico, ele envolve água, envolve esgoto, envolve coleta de lixo, resíduos urbanos, tudo isso tem uma relação muito íntima com a proliferação do mosquito. Começando pelo último, quer dizer, a quantidade de materiais que se acumulam em volta das casas, no fundo dos quintais, em terrenos, especialmente uma coisa que é novidade, pensando da nossa história, que de 20 anos para cá nós assumimos uma quantidade enorme de embalagens plásticas que não se degradam e só acumulam água, isso é um ambiente ótimo para a criação, para a proliferação do mosquito Aedes Aegypti. Além disso, lugares onde ou água não chega, água potável, de rede não chega, ou água tem intermitência, leva as pessoas a guardarem água de algum jeito, e também o que o mosquitinho mais adora é água limpa e parada, onde o mosquito fêmea coloca os seus ovos, em geral na parede dos recipientes e as lavras se criam ali. Qualquer situação, então, em que possa haver acúmulo de água, que possa haver recipientes, favorece a proliferação do mosquito. E o grande instrumento para isso realmente é o investimento em saneamento básico no curto, no médio e no longo prazo.



APRESENTADOR ROBERTO CAMARGO: Mariana, você tem mais alguma pergunta a fazer ao diretor Cláudio Maierovitch?



REPÓRTER MARIANA BAIERLR (Rádio FM Cultura/Porto Alegre - RS): Com certeza. Eu gostaria de saber, inclusive agora no Rio Grande do Sul, começa o período de maior chuva, maior frio com o final do verão, de que forma vocês estão observando essa sazonalidade aqui da região Sul do Brasil, de que forma isso pode ser mais prejudicial para a nossa região em que vai haver realmente esse acúmulo de água, e também a questão das temperaturas que tendem a baixar?



SR. CLÁUDIO MAIEROVITCH: São duas coisas que vão em sentidos opostos em relação ao mosquito. Quando chove mais, tende a acumular mais água, isso favorece a proliferação do mosquito. No entanto, quando as temperaturas baixam, o mosquito quase desaparece de circulação. O Rio Grande do Sul, ele é muito ilustrativo do que vem acontecendo, nós temos ao longo de muitos anos o mosquito se expandido no mundo inteiro ocupando áreas geográficas que ele não ocupava anteriormente. Até muito pouco tempo atrás Rio Grande do Sul não tinha dengue, um pouco mais de tempo atrás Rio Grande do Sul não tinha Aedes Aegypti, em circulação, não tinha criação de Aedes Aegypti. No entanto, o mosquito tem se tornado mais habilidoso, ele tem conseguido se adaptar a lugares um pouco mais frios e a altitudes um pouco maiores. Hoje, várias cidades do estado do Rio Grande do Sul, tem proliferação do Aedes Aegypti e tem dengue que acontece já todos os anos, no verão.



APRESENTADOR ROBERTO CAMARGO: E mesmo o período de frio não é suficiente para eliminar totalmente o que fica de ovos, ou de formas incitadas, né, do mosquito, parece que há possibilidade de no ano seguinte haver uma nova proliferação daquilo que não foi eliminado?



SR. CLAUDIO MAIEROVITCH: Exatamente. O mosquito ele tem uma capacidade de adaptação muito grande e isso se dá também porque os seus ovos podem durar até mais de um ano sem água, em um local seco onde um dia a água pode subir e aí em pouco tempo, em minutos, horas, as lavras vão nascer, alguns dias, em menos de uma semana, essas lavras se transformarão em mosquitos adultos. Então, em países onde há neve, onde há gelo, é muito pouco provável que o ovo consiga sobreviver neste ambiente, embora já haja estudos que demonstram que isso em tese é possível. Agora, aonde a temperatura esfria, mas os ovos já estão ali e nós teremos um período de temperatura mais alta, o mosquito vai proliferar.



APRESENTADOR ROBERTO CAMARGO: Nós agradecemos a participação da Mariana Baierlr, da FM Cultura de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e de lá nós vamos para São Paulo, Diretor. A participação agora é da Rádio Líder FM, de São José do Rio Preto, interior paulista. E quem faz a pergunta é Luna Kfouri. Olá, Luna, bom dia.



REPÓRTER LUNA KFOURI (Rádio Líder FM/São José do Rio Preto - SP): Olá, bom dia. Ministro, nós vimos aqui em algumas reportagens, em âmbito nacional, que está sendo estudada a forma de contágio do Zika vírus. O Zika, ele é transmitido apenas pelo mosquito ou podem ter aí outras formas de contágio?



SR. CLAUDIO MAIEROVITCH: Bom dia, Luna. Essa é uma questão importante. Nós temos a cada dia aprendido mais sobre o vírus Zika, já que muita pouca coisa tinha sido pesquisada nos anos anteriores, e todo dia também com esse aprendizado feito mais perguntas. E essa é uma pergunta importantíssima. O que é conhecido é a transmissão do vírus Zika por mosquito, particularmente, pelo Aedes aegypti, no no Brasil, embora outras espécies de mosquito, em outras regiões do mundo, já tenham sido identificados como transmissores. E mais recentemente, uma coisa que era uma possibilidade vaga, um achado eventual, que era a transmissão pela via sexual, tem sido confirmado por novos estudos, em países aonde não há o mosquito. Então não há dúvida de que nos países como o Brasil, que tem uma grande infestação pelo Aedes aegypti, ele é a principal forma de transmissão. Mas não se deve esquecer essa outra possibilidade, na verdade, mais de uma possibilidade, a transmissão sexual, portanto, as gestantes, principalmente, devem se proteger contra o contágio, não apenas usando repelente, roupas de manga longa, calças, meias para não serem contaminada pelo mosquito, mas também com uso de preservativos, para não serem contaminada pela relação sexual. Existe também uma possibilidade de transmissão por transfusão sanguínea, isso já foi constato no próprio Estado de São Paulo em duas ocasiões ao longo desse último ano.



APRESENTADOR ROBERTO CAMARGO: Luna Kfouri, mais alguma pergunta ao Diretor?



REPÓRTER LUNA KFOURI (Rádio Líder FM/São José do Rio Preto - SP): Tenho sim. São José do Rio Preto hoje vive uma epidemia da dengue, né? E é notável, aqui, que na hora do diagnóstico, ainda existem muitas dúvidas. Como diagnosticar aí a dengue e o Zika vírus?



SR. CLAUDIO MAIEROVITCH: Hoje, nós temos sugerido que esse diagnóstico deva ser, principalmente, com base manifestações clínicas. É verdade, nós temos os dois vírus circulando simultaneamente, em Rio Preto, todos os anos tem havido um grande número de casos de dengue durante o verão, é um dos municípios das regiões do Estado de São Paulo que tem sido mais afetadas pelas epidemias de dengue. No entanto, os exames hoje existentes para diagnóstico, eles não dão essa alternativa rápida de que o diagnóstico estará pronto, ali na hora do atendimento e com base nesse diagnostico já poderá ser adotada uma conduta diferente. Esses exames demoram alguns dias, e há circunstâncias especiais para a realização de exames para a dengue e para Zika. Então, em geral o quadro clínica de diferente. No caso de dengue, a doença em geral começa com febre, principalmente febre alta, frequentemente dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dor no corpo, uma dificuldade enorme de fazer as atividades habituais. No caso do Zika, em geral, o que começa mancha no corpo, coceira pelo corpo, olhos vermelhos e depois aparece a febre, que não costuma ser muito alta, geralmente a infecção pelo vírus Zika, não afeta tanto a disposição física, muita gente mantém as suas atividades habituais, apesar da infecção. Questão tanto em um caso, como em outro caso, não existe um tratamento específico, não existe ainda um medicamento que mate o vírus dengue ou mate o vírus Zika e que, portanto, seja recomendado para um e não para outro. O tratamento nos dois casos é um tratamento dirigido aos sintomas. E principalmente, o alerta, o vírus da dengue pode com mais frequência do o que vírus Zika levar à quadros mais graves. Então, o alerta para possibilidade de agravamento, surgimento de mancha na pele, qualquer tipo de sangramento, dores abdominais, vômito, tudo isso deve servir de alerta para um caso de dengue que pode estar se agravando. E nos dois casos, é muito importante a hidratação, ingestão de muito líquido desde os primeiros sintomas.



APRESENTADOR ROBERTO CAMARGO: Muito obrigado a Luna Kfouri, da Rádio Líder FM, de São José do Rio Preto, Estado de São Paulo. E de lá nós vamos para o Tocantins, a participação agora é da Rádio 96.1 de Palmas, e quem faz a pergunta é o Marciley Dias. Olá, Marciley, bom dia.



REPÓRTER MARCILEY DIAS (Rádio 96,1 FM/Palmas - TO): Bom dia, Roberto Camargo. Bom dia ao Diretor, né, o Cláudio Maierovitch. Bom dia a todos os ouvintes. Olha só, o que tem preocupado muitas pessoas com relação ao Zika, transmissão do Zika vírus, é o resultado parcial de uma pesquisa da Fiocruz, lá no estado do Pernambuco, em Recife, com relação ao vírus da Zika, no intestino de pernilongo. A pesquisa ainda está andamento, mas de acordo com a pesquisadora, é que já há quase que a certeza da transmissão também por pernilongos. Eu gostaria de saber do Diretor, o que tem sido pensado e a preocupação ainda com relação a isso? Nós, aqui do Tocantins, no estado da região Amazônica, com alto índice de pernilongo... então preocupa a nossa população isso, eu gostaria de saber um pouco sobre isso.



SR. CLAUDIO MAIEROVITCH: Bom dia, Marciley, a todos os ouvintes do estado de Tocantins. Essa pergunta é muito importante e é uma pergunta nova praticamente. Eu tive a oportunidade, na semana passada, de estar com a Dra. Constância Ayres e conhecer o laboratório dela, que realizou essa pesquisa, em que ela identificou em pernilongos criados em laboratório, a possibilidade de que houvesse, não apenas a contaminação, mas que houvesse a multiplicação do vírus. Então os pernilongos foram alimentados com sangue de coelho, contendo vírus Zika, esse vírus conseguiu atravessar o aparelho digestivo do pernilongo e chegar até as glândulas salivares do pernilongo. Ainda é uma experiência inicial, com vírus de laboratório, em condições ideais, com mosquitos de laboratório. Essa pesquisa nos indica que nós precisamos aprender muito mais. No momento, nós sabemos que o Aedes Aegypti, é o grande transmissor, assim como é o grande transmissor de dengue e de chikungunya, no entanto, existe a possibilidade de que outros mosquitos também contribuam, em alguma medida, para a transmissão da doença. Então essa pesquisa, ela acende uma luz para a necessidade de que outros pesquisadores repitam esse tipo de pesquisa e façam em maior escala, procure identificar mosquitos do ambiente e pesquisar se eles contêm o vírus ou não, procurem verificar se esse vírus que chegou na glândula salivar, ele está em condições de se multiplicar, se ele é eliminado pela saliva do mosquito e, portanto, pode ser transmitido. Essas são perguntas ainda em aberto.



APRESENTADOR ROBERTO CAMARGO: Marciley, você tem mais alguma pergunta ao diretor Cláudio Maierovitch?



REPÓRTER MARCILEY DIAS (Rádio 96,1 FM/Palmas - TO): Sim. Temos uma outra pergunta aqui. É, já é um pouco acho que de conhecimento de todos, mas em tempos de Zika Vírus, muitas gestantes, aquelas que têm uma condição financeira melhor, viajam para outros países, mantém, já tem relatos de mães, de grávidas, aliás, que foram para a Europa, que foram para a América do Norte, para fugir do Zika Vírus, mas tem aquelas mães também, que planejaram gravidez, que investiram tudo que tinha praticamente, em gravidez e corre um risco. Será que há uma necessidade realmente, dessa mudança de, às vezes, as pessoas terem que mudar de país, ou só é possível manter a imunidade, através aí das prevenções com repelentes, com telinhas e tal, as grávidas podem se resguardar somente dessa forma?



SR. CLÁUDIO MAIEROVITCH: Claro, eu acho que as condições são muito diferentes, nós temos um país muito heterogêneo, com muita desigualdade, tem gente que pode assumir uma proteção completa, digamos, olha, eu vou viajar para um país frio, eu vou para a Dinamarca, para a Finlândia, onde o mosquito não passa perto, e claro, se o mosquito não passa perto, a chance de contrair a doença, é praticamente nula, a não ser por algum outro tipo de contato, por um contágio sexual, por alguma outra forma. No entanto, existem formas efetivas de proteção, para as mulheres que estão no Brasil e elas devem procurar, nossa sugestão é de que procurem adotar, simultaneamente, todas essas formas. A primeira e mais importante, nunca é demais a gente repetir, é eliminar as condições para a criação do mosquito, eliminar todos os possíveis criadouros. Vasinhos que tem plantas aquáticas, copinhos, garrafas, pneus, recipientes com água armazenada, para uso em casa, tudo isso, o que não puder ser eliminado, deve ser protegido com telas em cima, com tampas, com larvicida, quando a visita dos agentes de controle de endemias, então procurar eliminar o mosquito de perto de casa. Ele se cria, ele prolifera dentro ou ao redor de casa, e ele gosta de viver dentro da casa. Se... uma vez feito isso, também adotar as medidas, para tentar diminuir a entrada dele em casa, manter portas e janelas fechadas, quanto o clima permitir, ou senão, com telas que não permitam a entrada dos mosquitos. E além disso, a proteção individual, o uso de roupas que cubram a maior parte do corpo, especialmente, vamos lembrar de calças compridas, de meias, que protejam a parte de baixo do corpo, porque esse mosquito, ele não voa muito alto, de maneira geral, e o uso de repelentes, nas áreas em que não é possível cobrir e para atividades externas, sempre que houver exposição ao mosquito.



APRESENTADOR ROBERTO CAMARGO: Muito obrigado ao Marciley Dias, da Rádio 96,1 de Palmas, Tocantins, pela participação aqui do Programa Brasil em Pauta, que hoje recebe o diretor de vigilância das doenças transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch. Lembrando a você, que o áudio desta entrevista vai ser disponibilizado ainda hoje, em nossa página na internet. Anote aí o endereço, é o www.servicos.EBC.com.br. Diretor, quando surgiram esses casos, em número bastante assustador, né, de microcefalia e houve essa possível relação com o vírus Zika, as autoridades de saúde passaram a monitorar e tomar as medidas. Hoje, pelo acompanhamento desse surto, já se pode dizer que há uma diminuição, há uma previsão nesse sentido, estatisticamente ou pelo acompanhamento semanal que é feito, o que se pode dizer, nós teremos uma diminuição ou a tendência é haver um aumento contínuo desse número de casos, principalmente, associados ao vírus Zika?



SR. CLÁUDIO MAIEROVITCH: Bom, o que nós constatamos até aqui, é que claro, a quantidade de crianças que nascem com microcefalia é proporcional à intensidade da infecção, pelo vírus Zika, que ocorreu meses antes. Então, o que nós tivemos o ano passado, foi uma importante transmissão do vírus Zika, em praticamente toda a região nordeste do país, e a ocorrência, seis, sete, oito meses depois, é do nascimento de um grande número de crianças com microcefalia também. Aparentemente, pelo monitoramento que se vem fazendo, começa a ver um declínio no número de nascimentos de crianças com microcefalia, na região nordeste, que é por onde a epidemia começou. No entanto, em outras regiões, existe um aparente aumento. O vírus Zika, ele está em expansão no território brasileiro, nossa expectativa é de que todo o esforço nacional, um esforço que nunca foi dessa magnitude para combater o mosquito, pela primeira vez, um Presidente da República, uma presidente, no caso, chama o país para combater o mosquito, para uma tarefa importantíssima, relativa à saúde das pessoas. Os governadores todos, vieram à Brasília, reuniram-se com a presidente para aderir a esse esforço de eliminação de criadouros, de combate ao mosquito. Nossa expectativa é de que isso produza o efeito de reduzir a expansão da infecção pelo vírus Zika, que é o vírus que se expande onde tem mosquitos. No entanto, como ele é novo no país, nós não temos experiência com ele, como nós temos com o Dengue, as nossas projeções são baseadas no que nós conhecemos, que são as epidemias de Dengue, então existe a possibilidade de comportamento seja um pouco diferente. O nosso grande alerta atualmente, é para aqueles estados, aquelas regiões, que não enfrentaram grandes epidemias o ano passado, particularmente nas regiões mais quentes, as que tem verões mais intensos, e nós temos a preocupação, exatamente, com as áreas que vivem maiores epidemias de Dengue anualmente, região Norte, região Centro-oeste, região Sudeste. Na região Sul, apenas o Paraná, parte do norte e oeste do Paraná é que vivem epidemias de Dengue mais importantes todos os anos.



APRESENTADOR ROBERTO CAMARGO: Agora, como o senhor mencionou, a região Nordeste, onde tivemos né essa epidemia inicial, nós vamos ter uma participação aqui do estado de Pernambuco, é a Rádio Folha FM de Recife e nós vamos conversar com o Joffre Melo. Olá, Joffre, bom dia.



REPÓRTER JOFFRE MELO (Rádio Folha FM/Recife - PE): Olá, bom dia. Bom dia, Dr. Cláudio. Realmente aqui no Nordeste, a gente está sofrendo um bocado aí com as arboviroses, né, as doenças aí transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti. Mas eu vejo uma luz boa, no fim desse túnel, diretor, é que são as pesquisas né, que estão sendo feitas, a gente aqui acompanha diariamente, por exemplo, eventos, divulgação de resultados, que são feitos na Fundação Oswaldo Cruz, nos laboratórios de imunopatologia aqui das universidades públicas, e a gente percebe, inclusive, uma participação, um engajamento, da comunidade internacional. E aí, como é que o Ministério está tratando isso com pesquisadores de fora, essa ajuda é bem-vinda ou o Ministério da Saúde incentiva essas parcerias internacionais, diretor?



SR. CLÁUDIO MAIEROVITCH: Bom dia, Joffre. De fato, o estado de Pernambuco, seu estado foi aquele que deu o alerta, não apenas para o país, mas para o mundo inteiro, em relação à ocorrência dos casos de microcefalia. E é nesses momentos, que nós vemos o grande patrimônio que existe no Brasil. No caso de Pernambuco, nós estamos com a participação muito intensa das universidades, Universidade Federal de Pernambuco, instituições de pesquisa, como o Instituto Aggeu Magalhães, que é a fundação Oswald Cruz, a sua sede localizada em Recife, o Instituto Materno Infantil de Pernambuco, Fernando Figueira, diversas instituições de pesquisa, que já têm produzido muito conhecimento novo. A primeira reação do Ministério da Saúde, ao ser chamado pela Secretaria Estadual de Pernambuco, para ver o que estava acontecendo, foi, junto com a Secretaria Estadual, chamar esses pesquisadores, para que nos ajudassem, para que fossem a campo e isso tem sido um trabalho conjunto do mundo da pesquisa, com o mundo de serviços. São pessoas dos serviços, hospitais, dos programas só da família, da vigilância e saúde, junto com os pesquisadores, muitos deles, de renome internacional, que tem ido a campo, tem ido para os laboratórios e têm produzido conhecimento novo sobre a doença. E a ajuda internacional é muito bem-vinda, nós já estamos com várias pesquisas em andamento, com a cooperação de pesquisadores de fora do Brasil, inclusive em trabalhos de campo. Isso é muito importante, tanto para nós, pela possibilidade de que nós tenhamos conhecimento novo, tenhamos tecnologias novas, para diagnóstico, para desenvolvimento no nosso país, como para o resto do mundo, para que ele entenda o que está acontecendo aqui e se prepare para uma reação a algo que pode acontecer fora do Brasil e já está acontecendo em outros países da América Latina nesse momento.



APRESENTADOR ROBERTO CAMARGO: Nós agradecemos ao Joffre Melo, da Rádio Folha FM de Recife, Pernambuco, e com essa emissora, nós encerramos o programa de hoje, agradecendo a todos pela participação. Lembrando mais uma vez, que o áudio dessa entrevista vai ser disponibilizado, ainda hoje na página da EBC Serviços na internet. O endereço é www.servicos.EBC.com.br. Diretor, Cláudio Maierovitch, muito obrigado pela participação aqui no programa.



SR. CLÁUDIO MAIEROVITCH: Eu é que agradeço essa oportunidade. Importantíssimo que todo mundo tenha informações precisas, informações atuais, sobre o que está acontecendo no país, para poder se prevenir e para poder explicar para os seus vizinhos, seus amigos, seus colegas a importância do combate ao mosquito e a importância de se proteger dele.





APRESENTADOR ROBERTO CAMARGO: Muito bem. Muito obrigado a você, que esteve conosco pela rádio e pela TV e até a próxima edição do Brasil em Pauta.