Presidente Lula diz que o país caminha para independência política, econômica e social com o crescimento da economia
Presidente Lula diz que o país caminha para independência política, econômica e social com o crescimento da economia
69.2009-10-06.4187155018.mp3
Duração:
Publicado em 14/12/2016 11:01
'Jornalista: Presidente, hoje, segunda-feira, 6 de setembro, véspera da data da Independência. Amanhã, uma comemoração especial. O que o Sr. pode falar sobre a Independência do Brasil, sobre as comemorações para esta semana?
Presidente: Primeiro, que nós estamos comemorando o Dia da Independência num momento de muita auto-estima do povo brasileiro, num momento em que a economia brasileira dá sinais de crescimento sustentável, superando as expectativas do começo do ano, e vamos comemorar o Dia da Independência com a certeza de que não basta ter a independência constitucional: é preciso ter independência econômica, tecnológica, científica e isso nós estamos provando, com o crescimento das nossas exportações, o crescimento da geração de empregos, o crescimento da economia brasileira, que nós estamos caminhando para uma independência política, econômica e social. Isso é muito importante. Um outro fato é que nós estamos comemorando a independência com uma coisa nova, ou seja, com a inclusão de mais 30 mil jovens nas Forças Armadas Brasileiras, que vão, além de servir o ano normal às Forças Armadas, aprender uma profissão para que saiam das Forças Armadas preparados para o mercado de trabalho, na possibilidade de ter um emprego mais digno, com um salário melhor.
Jornalista: é o projeto Soldado-Cidadão.
Presidente: E eu fiquei muito emocionado no dia da inclusão desses soldados porque um aspecto que eu não sei se vocês notaram, eu notei, ou seja, quando nós formos cantar o Hino Nacional, a força que a meninada cantou o Hino Nacional. A impressão que eu tive é que eles estavam com a auto-estima lá em cima, todos muito emocionados. Eu fiquei muito emocionado. Eu acho que é um programa importante. Vamos ver se a gente vai, a cada ano, criando oportunidades para que o jovem da periferia, que tem menos oportunidade, que não aprendeu uma profissão, que muitas vezes parou de estudar, adquira novamente o gosto pelo estudo, que tenha a esperança de que o seu emprego vai surgir. Eu acho que esse é um dado importante. Por isso é que o dia 7 de setembro será uma coisa muito rica, porque também nós queremos fazer com que o 7 de Setembro seja comemorado por toda a sociedade. Não é uma coisa do Presidente da República ou uma coisa dos militares. A independência do país é uma conquista da sociedade brasileira, de homens e mulheres, de ricos e pobres, de negros e brancos, ou seja, todos nós temos que ir para a rua para comemorar porque é um dia muito importante. Aliás, o Dia da Independência é o dia mais importante em todos os países do mundo. Eu tive a felicidade de participar do Dia da Independência da índia. E ali, além deles mostrarem o desfile militar, eles mostram um desfile da sociedade: é desfile de escola, é desfile de agricultores é desfile de trabalhador, é a totalidade da sociedade se manifestando no Dia da Independência. E eu trabalho para que a gente consiga, a cada Dia da Independência, fazer uma coisa melhor, uma coisa que envolva mais a sociedade. Por isso eu quero convidar todas as pessoas aqui de Brasília e do Brasil - os de Brasília para participar do Dia da Independência aqui, dia 7, lá na Esplanada dos Ministérios, e quero convidar o Brasil inteiro (as pessoas) a irem pra rua pra comemorar. Não é sempre que a gente pode comemorar a Independência do Brasil num clima tão bom como estamos vivendo nesse momento no nosso país.
Jornalista: O Sr. gosta de ver as pessoas com a Bandeira do Brasil nas ruas? O Sr. disse que se emocionou com o vôlei masculino, que foi medalha na Olimpíada, cada jogador com a Bandeira mostrando pra todo mundo.
Presidente: Eu acho que a Bandeira é um símbolo maior nosso. Eu acredito que uma nação será muito mais nação, ela será muito mais produtiva, será muito mais feliz se as pessoas estiverem acreditando nos valores da própria nação, se as pessoas estiverem bem na família, se as pessoas estiverem bem no seu bairro, na sua cidade, se as pessoas estiverem acreditando nas coisas que estão acontecendo no país. E quando eu vejo um jogador, qualquer que seja ele, um atleta ou uma pessoa valorizando a sua Bandeira, é uma coisa bonita porque significa que a pessoa está gostando do seu país, está admirando mais o seu país. Então, eu fiquei feliz, ou seja, eu acho que o povo brasileiro está vivendo um momento especial. Lógico que nós ainda estamos começando muitas coisas, ou seja, isso tudo leva um tempo, mas nós estamos começando, e começando bem. Eu acho que nas Olimpíadas a marca do Brasil ficou muito forte, inclusive pelo comportamento do nosso maratonista, o Vanderlei, que provou que brasileiro, definitivamente, não desiste nunca. Porque o que aconteceu com ele e ele não ficou magoado, não ficou ressentido, não parou como alguns. Porque tem pessoas que poderiam parar e ficar chorando o leite derramado. Ele não. Ele, com a mesma altivez, saiu caminhando, chegou em terceiro lugar, se recebeu a medalha de terceiro lugar poderia ter sido a segunda, poderia ter sido a primeira, não se sabe nunca. O dado concreto é que, em nenhum momento, ele se queixou, ou seja, ele estava orgulhoso de ter chegado entre os três mais importantes maratonistas do mundo. Eu acho que é isso que vale: é as pessoas valorizarem aquilo que têm, aquilo que conquistaram e não ficar sempre choramingando aquilo que não conquistaram ainda. Por isso, eu acho que foi uma coisa muito importante as Olimpíadas nesse momento da nossa história. Não só porque foi a maior delegação, a maior conquista de medalhas*, mas porque ela teve gestos muito importantes como o gesto da Bandeira.
Jornalista: E aí vai também a questão da inclusão social: essas bandeiras mostradas na Olimpíada foram confeccionadas por detentos aqui de Brasília.
Presidente: Eu tive a oportunidade de ver o material feito por detentos do Brasil inteiro. E eu penso que nós estamos criando um novo jeito de fazer cidadania. Ou seja, a pessoa que comete um delito tem que ter chance de se recuperar. E não tem nada que possa dignificar mais o ser humano do que o trabalho. Ou seja, viver do seu trabalho é a coisa mais sagrada para um homem e uma mulher. E quando a pessoa está presa, numa situação totalmente desfavorável e tem uma oportunidade de trabalhar, na verdade nós estamos dando a essa pessoa a oportunidade de se recuperar mais rapidamente e poder ser reintroduzida na sociedade com toda dignidade.
Jornalista: O presidente está se referindo ao programa "Pintando a Liberdade" do Ministério do Esporte, que ensina um ofício aos presidiários. Além de aprender uma profissão, os detentos recebem um salário para ajudar nas despesas familiares. E para cada três dias trabalhados, o detento tem descontado um dia em sua pena.
Presidente: Eu acho extremamente importante e é preciso que os jogadores saibam que as bandeiras em que eles se enrolaram e parte do fardamento que muitos usaram foram construídos pela sociedade brasileira, pela parte mais pobre da população, pelos meninos de Feira de Santana, mas também por detentos.
Jornalista: Presidente, rapidinho, mas falando sobre o esporte ainda, me permita um furo de reportagem: o Sr. vai receber a delegação olímpica esta semana em Brasília. Qual vai ser o tom do discurso do Sr. em relação aos atletas?
Presidente: O mesmo que eu disse antes. Veja, eu estou lembrado que quando eles partiram para Atenas eu disse pra eles que era importante conquistar medalhas, mas, sobretudo, era importante que eles estivessem conscientes do seu papel. Ou seja, todos nós que vamos fazer uma disputa, vamos fazer um debate, vamos fazer uma peça, nós queremos fazer o melhor. Mas muitas vezes tem gente melhor do que nós. Muitas vezes a gente não está num dia bom, então a gente não consegue ganhar tudo o que a gente quer. O que é importante é a gente estar espiritualmente tranqüilo, com a consciência tranqüila de que "olha, eu não consegui, mas fiz o máximo que eu podia fazer. Não deu, não deu, paciência, vamos nos preparar porque a vida continua". Eu acho que isso foi muito importante e eu vou dizer um pouco isso, pra animar a pessoa. Todos nós esperávamos que a Daiane ganhasse uma medalha de ouro. Que ela é boa nós não temos dúvida, mas não ganhou. Nem por isso ela está diminuída. Pelo contrário, ela está com a auto-estima muito forte. Eu vi uma entrevista dela muito interessante. Eu penso é que é um pouco isso que nós temos que dizer para os nossos atletas, porque nós vamos melhorar mais. Podem ficar certos de que, se depender do esforço do governo nós vamos criar todos os mecanismois legais possíveis para que a gente possa ter mais atletas, para que a gente possa levar uma delegação maior, para que, durante esses próximos anos, a gente tenha condições de criar possibilidades de esses jovens se prepararem melhor. Temos que incentivar uma legislação mais moderna, para que as empresas privadas possam financiar os nossos atletas, para que as empresas públicas possam financiar, porque senão nós não competiremos nunca em igualdade de condições com o mundo. Vejam a evolução que teve a China, vejam a evolução que teve a Austrália, países que não eram países de ponta na disputa das Olimpíadas. Eu acho que isso é uma coisa importante. Por que? Porque o esporte não pode ser visto apenas como a disputa de uma medalha. O esporte tem que ser visto como inclusão social, como conquista de cidadania, uma forma de melhorar a saúde das pessoas, uma forma de tirar o adolescente da rua e dar pra ele a perspectiva de que ele pode ser um atleta olímpico, de que ele pode ser um profissional. O nosso papel, o que é? é criar as condições para que ele tenha oportunidade. O resto é com ele.
Jornalista: Agora, presidente, o país não festeja só a conquista nas Olimpíadas, mas comemora também um expressivo crescimento do PIB acumulado do primeiro semestre desse ano em relação ao ano passado - 4,2%. São números que consolidam, enfim, a tendência de crescimento da economia. E o que fazer para manter esse crescimento por muitos anos como o Sr. deseja?
Presidente: é importante lembrar que o que nós estamos colhendo agora, não foi plantado agora. Isso foi plantado desde o ano passado. Ou seja, você não começa a crescer hoje porque investiu ontem. Nós investimos nesse crescimento há um ano atrás. Há um ano e meio atrás que a gente vem preparando as condições para que o crescimento se dê. Quando nós anunciamos, há um ano atrás, o empréstimo com desconto em folha, ele só começou a produzir efeito este ano. Quando você anuncia dinheiro para saneamento básico, como nós anunciamos dia 11 de dezembro do ano passado e agora no mês de maio, isso não repercute no mês que você anunciou e nem três meses depois. às vezes, demora um ano para começar a funcionar. Então, nós estamos colhendo o que nós plantamos, e vamos colher mais. Eu, particularmente, estou convencido de que nós vamos ter um crescimento sustentável. Nós estamos vivendo um momento muito bom porque, eu quando pego o jornal e vejo que o movimento sindical dos trabalhadores e o movimento sindical dos empresários, no caso Cut e Fiesp, se encontram e começam a discutir a possibilidade de construção de um acordo para apresentar, para discutir com o governo, é tudo que eu acho que deva acontecer no Brasil: a construção de um novo contrato social, em que a gente possa estabelecer metas de crescimento, metas de inflação, em que a gente possa ver esse país crescer mais harmonicamente e que o resultado da riqueza seja distribuído de forma mais queüânime, muito mais justo. Então, nós estamos vivendo esse momento, que eu diria bom. Eu evitei dar declarações sobre crescimento porque eu também não quero ficar passando só euforia, não. Eu quero que as pessoas percebam que nós estamos no caminho certo. Outro dia, eu disse que nós não vamos brincar com economia. Nós não vamos fazer uma aventura, porque já foi feito. Nós não queremos fazer mágica, porque já foi feito nesse país. Esse país já acordou um dia achando que era Primeiro Mundo e três dias depois era Terceiro Mundo. Não, nós não temos porque não dizer a verdade pro povo, a cada minuto, a cada hora, a cada dia. Muitas vezes, a verdade não é o que as pessoas querem ouvir, mas é o melhor: é o melhor pro governo, é o melhor pra quem fala e é o melhor pra quem ouve. Nós agora temos que aproveitar esse momento. Eu já estou pensando em 2005. Em 2004, já está consolidado o crescimento. Nós, agora, estamos pensando nos grandes projetos de infra-estrutura para 2005, porque o Brasil não pode parar. Então, nós vamos continuar crescendo, vamos continuar exportando mais, o mercado interno está consumindo mais e isso é muito bom. Portanto, eu queria dizer ao povo brasileiro que nós temos razão de sobra para comemorar com um grande sorriso o dia da Independência do Brasil, o dia 7 de Setembro. Eu estarei lá, eu espero que vocês estejam, espero que o povo brasileiro esteja e espero que vocês tenham a sabedoria de terminar esse Café com o Presidente tocando o Hino da Independência.
Jornalista: Bom, eu, como apresentador, já pedi para o Sr. entrevistar os jogadores na República Dominicana. Vou pedir para o Sr. fazer as vezes também de apresentador nesta edição e vou pedir para o Sr. encerrar o programa chamando o Hino.
Presidente: Bem, eu quero agradecer a todo o povo brasileiro o carinho que vocês têm comigo, que vocês têm com o governo, mesmo quando não estão satisfeitos e dizer que eu estarei amanhã comemorando o dia 7 de Setembro com muito orgulho, porque eu acho que é a maior festa cívica deste país, e queria pedir para os homens da técnica aí colocarem o Hino da Independência. Eu não vou cantar porque estou muito afônico, se não ia cantar o Hino da Independência.
Presidente (com Hino da Independência ao fundo) - Bem, meus amigos, minhas amigas essa foi mais uma edição do Café com o Presidente. Daqui a quinze dias estaremos de volta.
*O presidente se refere a medalhas de ouro.