Explosão de casos de Covid-19 em navios justificou suspensão

A Anvisa, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, divulgou, nesta terça-feira, nota de esclarecimento à recomendação de suspender a temporada de navios de cruzeiro no país, após reunião com representantes do Ministério da Saúde, estados e municípios.

Segundo a agência reguladora, os dados referentes ao cenário epidemiológico a bordo das embarcações que operam na costa brasileira, durante a temporada 2021-2022, reforçam a Nota técnica que recomendou ao Ministério da Saúde a suspensão provisória e imediata da operação dos navios de cruzeiro. A indicação foi feita na última sexta-feira, dia 31 de dezembro.

Desde o início da temporada, no dia 1º de novembro, até esta segunda-feira, dia 3 de janeiro, foram confirmados 829 casos de Covid-19 entre tripulantes e passageiros das cinco embarcações que operam no Brasil.

O mais grave, de acordo com a Anvisa, foi a identificação de 502 casos da doença entre tripulantes, o que representa 60% dos casos positivos a bordo das embarcações. Por serem viajantes com maior tempo de permanência nos navios, a ocorrência de infecção entre a tripulação oferece maior grau de risco à condição sanitária das instalações.

Além disso, a agência constatou que houve uma explosão de casos a partir do dia 26 de dezembro, quando goram registrados 798 casos em 9 dias, aumento de 25 vezes. Do início da temporada, em novembro, até 25 de dezembro, foram detectados 31 casos de Covid-19 em navios de cruzeiro.

A Anvisa destaca que a mudança repentina e brusca desse cenário dentro do novo contexto epidemiológico em que surgiu a variante Ômicron, pede, assim, uma nova avaliação para que sejam seguidos os termos da Portaria do Ministério da Saúde que dispõe que a autorização da operação de navios de cruzeiro poderá ser revista a qualquer momento em função de possíveis alterações no cenário da epidemia, a nível nacional ou internacional.

Na reunião desta terça, estados e municípios concordaram com a posição da Agência pela suspensão provisória da temporada de navios até que se obtenham novos dados para avaliar a possibilidade de retomada das atividades.

Da Rede Nacional de Rádio, em Brasília,

Na oportunidade, estados e municípios também salientaram a dificuldade na obtenção dos dados epidemiológicos junto às empresas responsáveis pelas embarcações, o que prejudicou a condução oportuna das investigações pelas autoridades locais de saúde. Outro ponto de destaque foi a dificuldade de identificação de contatos próximos de casos suspeitos ou confirmados de Covid-19, por se tratar de ambiente confinado, o que pode contribuir para a disseminação mais rápida da doença caso medidas adicionais de controle não sejam adotadas.

A Anvisa reforça que, desde agosto de 2021, já havia se manifestado pela inviabilidade da retomada da temporada de navios de cruzeiro no Brasil, a qual deveria estar condicionada à avaliação do cenário epidemiológico do país.

As recomendações e ações por parte da Agência foram pautadas em critérios técnicos e sanitários, a partir das melhores evidências disponíveis e com fundamento no princípio da precaução, com a finalidade de reduzir o risco de ocorrência de agravos à saúde. Assim, a Anvisa segue atuando de acordo com a sua missão institucional de promover e proteger a saúde da população.